Dilma à BBC: A democracia se tornou inviável para a direita

Em entrevista publicada nesta sexta-feira (11) para o portal de notícias inglês BBC, Dilma Rousseff declara que o golpe ainda não acabou e e abordou a situação da Venezuela e quais podem ser os possíveis desdobramentos da crise no país vizinho.

Por Carolina Marcheti

Dilma na BBC - Reprodução

Em meio à turbulência política que parece estar se tornando habitual no Brasil, Dilma Roussef diz a BBC que seu pensamento sobre seu processo de impeachment que teve fim em 31 de agosto de 2016 continua o mesmo: "Não acho que isso [o golpe] começou e terminou no dia em que eu fui afastada do cargo," ela disse em uma entrevista. "Tudo começou antes, quando eles [oposição] não conseguiram obter o poder através de eleições democráticas. Então, a democracia se tornou inviável a partir de seus pontos de vista[…] o primeiro capítulo do golpe era meu impeachment, mas há um segundo capítulo, e ele constitui em impedir que o presidente Lula se torne um candidato nas eleições do próximo ano."

Quando questionada se o Brasil precisa de um novo líder ela discorda enfaticamente e diz que o “novo” não necessariamente é bom e não dá garantias, já o governo Lula fez com que as pessoas vivessem melhor.

Em 5 de agosto a Venezuela foi apartada do grupo Mercosul até melhorar a crise em que o país vive. Para Dilma isso é negativo para a comunidade internacional e não faz sentido para o Brasil que apoiou a retirada da Venezuela do grupo por essa “não ser democrática” sendo que a Venezuela teve uma eleição a partir do voto e o Brasil não.
Tanto a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann quanto Lula tem se manifestado a favor do governo na Venezuela. Roussef não é diferente, todavia, ela admite que o governo enfrenta circunstancias extremas e o mais importante é sair disso de uma forma pacífica.

Quanto a visão norte-americana nesse assunto, Dilma a caracteriza como “irresponsável’ e diz ainda que o tratamento dado pela imprensa internacional é um absurdo. Ela acredita que está sendo feito o mesmo que ocorreu com o Iraque e o Afeganistão- um conflito armado. "Eu não vou culpar apenas Maduro, há um conflito", diz ela. "Você se lembra o que fizeram com Saddam Hussein? Eles o mataram da forma mais brutal possível. Quando o fizeram, todos os monstros foram descobertos, a caixa de Pandora foi aberta. De onde é que Isis vem? Ele veio do fato de que os EUA acharam que estavam tendo uma posição democrática lá e isso não era verdade ".