Israelitas “roubaram” a escola de Jubbet al-Dhib

O início do ano letivo estava marcado para a quarta-feira(23), mas na aldeia de Jubbet al-Dhib, na Margem Ocidental ocupada, teve de ser adiado, depois de a Administração Civil israelita ter confiscado as casas móveis que iriam servir de salas de aula a 64 alunos.

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Há pouco menos de uma semana, a Administração Civil (órgão das Forças Armadas de Israel para a administração dos territórios palestinos ocupados) já tinha ordens aos habitantes de Jubbet al-Dhib, uma aldeia isolada na região de Belém, para pararem com a instalação das oito casas móveis que iriam funcionar como escola para 64 crianças do primeiro ao quarto ano de escolaridade.

Os habitantes insistiram que tinham as autorizações necessárias, mas, na terça-feira (22), soldados israelitas apareceram na aldeia e dispararam gás lacrimogéneo e balas de aço revestidas de borracha contra quem tentou impedir o confisco das estruturas, que foram levadas em caminhões. A Administração Civil justificou a ação com o pretexto de que as casas móveis, doadas por uma organização não governamental europeia, tinham sido instaladas sem autorização, sendo assim “ilegais”, informa a Ma'an.

Em comunicado, o Conselho Norueguês de Refugiados condenou Israel pelo confisco das casas móveis, que classificou como parte de “um ataque mais amplo contra a educação na Palestina”. De acordo com esta organização, as ameaças de demolição e as ordens de embargo de obras por parte das autoridades israelitas abrangem cerca de 55 escolas da Margem Ocidental ocupada – muitas das quais foram construídas com financiamento de estados da União Europeia e de outros doadores.

A organização israelita de direitos humanos B'Tselem também emitiu um comunicado em que condena o confisco e afirma que a medida “simboliza a crueldade administrativa e o assédio sistemático, pelas autoridades, visando expulsar os palestinianos das suas terras”.

Ocupação e assédio

Em julho, a Administração Civil já tinha confiscado os painéis solares que haviam sido instalados o ano passado, em Jubbet al-Dhib, com financiamento do governo holandês, alegando também “falta de autorização”. Além disso, Israel impediu que a aldeia se ligasse aos sistemas de água e eletricidade, e não permitiu a construção de novas casas à serem construídas devido ao crescimento da população.

Os palestinos que vivem na Área C – que se dispõem em mais de 60% da Margem Ocidental e se encontram sob completo controle militar israelita – têm de pedir autorizações para a construção de qualquer tipo de desenvolvimento nas suas terras. No entanto, os pedidos são muitas vezes negados e o processo pode ser demorado e caro, indica a Ma'an.

A aldeia de Jubbet al-Dhin, onde vivem cerca de 150 palestinos, tem nas suas proximidades vários colonatos – como o de Noqedim, onde reside o ministro da defesa israelita, Avigdor Lieberman – e postos avançados judaicos, que, embora sejam ilegais à luz do direito israelita, estão ligados à rede elétrica e a outras infra-estruturas.