Luta pela paz na Venezuela reúne entidades e lideranças progressistas
Políticos e ativistas de movimentos sociais realizaram nesta sexta-feira (1º) o Ato Político-Cultural pela Paz na Venezuela. Além de pronunciamentos e apresentações culturais, o evento também foi marcado pela divulgação de um manifesto assinado por dezenas de instituições. A iniciativa do ato foi doComitê Brasileiro pela Paz na Venezuela.
Publicado 02/09/2017 17:27
Uma das presentas destacadas no ato foi a do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim que atribuiu a crise por que passa o país vizinho a ações externas e condenou a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de intervir militarmente na Venezuela. Para ele, a queda global do preço do petróleo é parte das operações que afetam o governo de Nicolás Maduro. O ex-chanceler comparou conflitos entre Rússia e Ucrânia, Irã e Arábia Saudita e a situação da América do Sul. "É muita coincidência que os preços do petróleo tenham baixado tanto."
Amorim observou ainda que a criação de blocos por governos progressistas da região, sem os Estados Unidos, como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), influenciou os ataques desferidos pela potências ocidentais, com Estados Unidos à frente. "Essas coisas incomodaram muito", acredita. "Defender a Venezuela neste caso é defender o Brasil", afirmou.
O ex-ministro enfatizou que as ações de Trump foram a gota d'água para que aderisse "por conta própria" a esse ato de defesa. "Porque queremos a paz na Venezuela. A política externa do ex-presidente Lula foi sempre pela paz. Eu, como interlocutor, sempre atuei pela paz (…) Por políticas que sempre ajudaram a Venezuela a perseguirem o caminho democrático", disse.
"É uma obrigação. A história, neste caso, tem dois lados. Temos de estar no lado certo, contra a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de intervir militarmente na Venezuela. É algo gravíssimo a ameaça do uso da força, não só porque ela pode se transformar em realidade, mas mesmo sem concretizar, isso é um incentivo ao terrorismo e às forças reacionárias para que elas se levantem e a usem", completou.
“Hugo Chávez entendeu que Estado deveria garantir o bem-estar da maioria empobrecida no país. Quando chega ao poder em 1999 convoca a Constituinte para dispor e executar esse princípio fundamental”, expressou o Cônsul-Geral adjunto da Venezuela no Brasil, Robert Torrealba, em seu depoimento durante a atividade que contou com a presença da cônsul de Cuba, Nelida Hernandéz. Torrealba agradeceu todo o apoio brasileiro com aquele país e destacou: “Somente a solidariedade pode garantir que a Venezuela permaneça como alternativa na América do Sul”, frisou.
"A Venezuela é o bastião da resistência na América Latina. A todos que são comprometidos com causas sociais e o avanço da democracia cabe resistir contra uma direita sangrenta, bárbara e golpista no país", afirmou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos,.
"Estamos aqui para nos manifestar de forma contundente sobre a solidariedade que temos que manifestar. O que está em jogo é o imperialismo e o petróleo", disse Stédile. "As forças do capital não se dão por vencidas. Nos últimos 20 anos aplicaram várias táticas para derrotar o povo venezuelano. Em todas, o povo foi vencedor. Chavez foi inoculado de uma bactéria que anulavam os remédios que ele tinha que tomar contra o Chavez. Mataram o Hugo Chávez, mas no inferno vamos cobrar", disse o líder do MST.
Greenhalgh, representando o PT, reafirmou o apoio ao governo de Nicolás Maduro. "O PT se compromete com toda sua militância a dar toda a solidariedade ao povo da Venezuela. Assim como demos à Cuba, à Nicarágua, aos países e povos livres da América Latina em busca de acabar com as ditaduras. O povo respaldou o Maduro. Abriu-se uma crise pela queda do preço do petróleo e pelo boicote de setores da economia que trabalharam pelo caos no país", disse.
"Tem momentos decisivos na história. Não importa se concorda ou não, se é simpático ou não. A decisão é que se perdermos na Venezuela, haverá um retrocesso para todos nós. Se ganharmos e mantivermos a liberdade e autonomia esse raio de vento vai ventar na América Latina", completou o petista.
O ex-deputado e ex-vereador Jamil Murad, atual presidente do PCdoB da cidade de São Paulo, afirmou que as investidas contra o governo de Maduro "não dizem só a respeito da Venezuela. Os inimigos do povo venezuelano não estão só la dentro. Quando nosso companheiro Hugo Chavez venceu em 98, em 2002 derrubaram o Chavez, mas ele tinha as forças armadas do lado dele", disse.
"Aquela direita está querendo ir para as vias de fato, pela violência, desde 2002. Não abandonaram esse propósito. Em 2015, oito senadores brasileiros liderados por Aécio Neves foram lá para visitar o líder do golpe preso segundo a lei venezuelana. Teve um acidente, o povo não deixou eles chegarem lá. Na saída do aeroporto resolveram, como covardes que são, voltar ao Brasil", lembrou.
No fim do ato-político foi exibido um filme sobre a Revolução Bolivariana, seguido pela atividade cultural com música, bebidas e comidas típicas daquele país. O Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela que divulgou um manifesto que já conta com a assinatura de mais de 40 entidades. Para fazer parte da iniciativa entre em contato pelo e-mail: [email protected]