Ativistas da América Latina exigem libertação de Santiago Maldonado

Há um mês a Polícia Nacional da Argentina é responsável pelo paradeiro do ativista Santiago Maldonado, que desapareceu após ser levado durante uma manifestação em defesa da demarcação de terras indígenas. O caso traz novamente ao país a sombra dos mais de 30 mil desaparecidos durante a ditadura militar. Trata-se de uma perseguição devido a opiniões políticas.

Santiago Maldonado - Efe

Na última sexta-feira (1/9) milhares de pessoas se mobilizaram, em diversos países, para exigir uma resposta do governo de Maurício Macri sobre o paradeiro do jovem de 28 anos.

Santiago é artesão e tatuador e foi preso durante uma manifestação em defesa das comunidades mapuche que vivem ao sul do país, na província de Chubut. Desde então, milhares de pessoas exigem que o jovem seja devolvido pela polícia da mesma forma que foi levado: com vida.

No entanto, com o passar dos dias, as investigações judiciais não obtiveram nenhuma resposta e o desaparecimento de Santiago se tornou uma prioridade para os argentinos que, durante a ditadura militar, sofreram com mais de 30 mil desaparecimentos forçados.

Além da manifestação em Buenos Aires, ativistas sociais se mobilizaram em diversas partes da América Latina e do mundo para exigir a libertação de Santiago. Veículos de notícia progressistas integraram a campanha e publicaram imagens de suas equipes exigindo a liberdade de Santiago. O Portal Vermelho integrou esta mobilização.


Equipe do Portal Vermelho em defesa da libertação de Santiago Maldonado | Foto: Clécio Almeida 
 

A ativista Milagro Sala, primeira presa política do governo Macri, se manifestou mesmo no cárcere, em defesa de Santiago. Cristina Kirchner, ex-presidenta do país, participou da mobilização durante um ato político realizado na última quinta-feira (31).

Posição do Governo

Para a Ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, como a maior parte das pessoas presentes na manifestação estava com o rosto coberto, "não existem indícios de que Santiago estava presente".

Após o caso ser considerado, durante as investigações, como "desaparecimento forçado", a ministra tentou desmerecer a versão dos mapuches e dos manifestantes e isentar a polícia.

Já a procuradora Silvina Ávila, responsável pelas investigações do desaparecimento de Maldonado, declarou ao jornal Página/12 que o relatório sobre o caso, solicitado pela Organização das Nações Unidas (ONU), está pronto.

No documento, a procuradora admite a ausência de atualizações nas investigações e reconhece que os "esforços não geraram as respostas necessárias para comprovar a integridade física de Maldonado, nem determinar seu paradeiro e dar uma resposta à família".

Além disso, destaca a "gravidade" de que as testemunhas tenham visto o jovem pela última vez "durante um procedimento realizado por uma força federal", neste caso, a polícia nacional.

Incongruências no relato oficial dificultam a investigação e intrigam a população argentina.

A família de Santiago Maldonado repudia as investigações que até o momento são realizadas com o aval do Ministério da Segurança, sob o comando de Bullrich, que não considera as hipóteses que envolvem a polícia nacional no desaparecimento.

O caso tem recebido atenção dos movimentos de diretos humanos na Argentina, onde 30 mil pessoas desapareceram durante o regime militar (1976-1983).