Enquanto ataca Amazônia, Temer fala de "proteção" em discurso na ONU
Nesta terça-feira (19), Michel Temer discursou na abertura da 72ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Num discurso para vender a Amazônia, Temer disse que o país reduziu em 20% no desmatamento. Antes do discurso, ele foi recebido por um grupo de ativistas que denunciaram as manobras entreguistas do ilegítimo.
Publicado 19/09/2017 12:06
“Pare de matar a Amazônia”, dizia a imagem projetada no carro de som que circulou pela cidade, nos arredores do local onde Temer foi jantar com Donald Trump, onde foi para alinhar o seu dicurso.
Na ONU, Temer disse que o Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais do planeta. Disse ainda que o desmatamento é questão que preocupa o governo e, por isso, está "concentrado atenção e recursos". Sem citar a fonte, Temer disse que "dados disponíveis para o último ano mostram a redução de mais de 20% do desmatamento" na região amazônica.
No entanto, entidades e lideranças ambientais denunciam que seu governo cede a interesses comerciais em detrimento do meio ambiente com a publicação do decreto sobre a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) e liberação da exploração mineral em parte da área.
Durante o Rock in Rio, além do coro de "Fora Temer" da plateia, o palco principal do festival foi utilizado por diversos artistas para rechaçar a política do governo brasileiro e defender a Amazônia. No domingo (17), a cantora norte-americana Alicia Keys convidou ao palco a líder indígena e representante da Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib), Sonia Guajajara, para falar dos ataques à Amazônia, com a proposta de extinção da Renca.
“Existe uma guerra contra a Amazônia, os povos indígenas e o ambiente estão sendo brutalmente atacados. O governo quer colocar à venda uma gigantesca área de reserva mineral”, denunciou Sonia.
Segundo fontes, a estratégia do discurso foi justamente para tentar reverter os estragos na imagem internacional causados pela extinção da Renca e pelos cortes no financiamento de países como Dinamarca e Alemanha ao Fundo Amazônia, dedicado a financiar a preservação da floresta.
Sem mencionar a crise política gerado pelo golpe que deu, Temer afirmou que "na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia". A declaração foi para fazer críticas ao governo da Venezuela, endossando o discurso de Trump, afinado no jantar da noite anterior.