Chanceler alemã rejeita ameaças de Trump a Coreia Popular

Merkel assegurou que tanto ela como seu ministro de Assuntos Exteriores estão dispostos a assumir “responsabilidades”; a prioridade é uma solução diplomática.

Angela Merkel

A chanceler alemã, Angela Merkel, mostrou desacordo com as ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Coreia do Norte, e considerou “totalmente desproporcionada” qualquer solução militar para esse conflito.

“Sou contra esse tipo de ameaças”, apontou Merkel em uma entrevista ao canal internacional alemão Deutsche Welle depois que Trump advertiu na terça-feira (19), em seu discurso na ONU, que se seu país estiver sendo forçado a se defender ou a defender seu aliado não terá “mais remédio do que destruir totalmente a Coreia do Norte”.

“Aqui há uma clara discordância com o presidente dos Estados Unidos”, afirmou a chanceler, que voltou a apostar por uma saída diplomática ao conflito e considerou que a aplicação das sanções aprovadas contra o regime de Pyongyang é “a resposta correta”.

Segundo apontou, não teve chance de falar com Trump após seu discurso na Assembleia da ONU, mas antes já tinha dado seu parecer por telefone.

Merkel reiterou a disposição a colaborar na solução do conflito da Alemanha, um dos poucos países que, herança do seu passado comunista, tem embaixada em Pyongyang e ao mesmo tempo uma legação norte-coreana em Berlim, enquanto mantém estreitas relações com a China, Japão, Coreia do Sul e EUA.

A alemã assegurou que tanto ela como seu ministro de Assuntos Exteriores estão dispostos a assumir “responsabilidades”, ainda que tenha dito também que não tem intenção de entrar em contato pessoalmente com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, algo que tem que ser decidido pela comunidade internacional.

Como exemplo de uma possível saída diplomática ao conflito aberto pela Coreia do Norte e seus reiterados testes de mísseis, Merkel destacou o acordo alcançado com o Irã.

Apesar das críticas de Trump ao mesmo, estimou que “é melhor do que não ter nenhum acordo” e lembrou que houve negociações durante anos até que foi fechado um pacto em torno do programa nuclear iraniano.

“Esse caminho, ou outro parecido, deve ser pensado no caso norte-coreano, naturalmente junto à Rússia, China e Estados Unidos”, apontou.