Henrique Araújo: Tudo como antes

“Em menos de 48 horas, o Congresso livrou a cara de um senador acusado de pedir R$ 2 milhões em propina e de um presidente que seria o chefe de um esquema de corrupção na Câmara. A classe política venceu. Não é o caso de repetir uma pergunta que já se esvaziou totalmente de seu conteúdo político (onde estão as panelas?), mas de pensar sobre como tudo isso vai se refletir nas eleições do ano que vem”.

Por *Henrique Araújo

(Foto: Reprodução)

Enquanto a CCJ da Câmara votava parecer contrário à denúncia apresentada pela PGR, Michel Temer estava ocupado com um decreto cuja assinatura ele considerava mais importante que o resultado da votação. De fato, o peemedebista talvez não tenha razões para se preocupar. Como a primeira, a segunda denúncia não vai passar pela Câmara. Na semana que vem, o plenário vai bloquear, com uma margem de votos mais estreita, a última flechada desferida por Rodrigo Janot, concluindo o ciclo de terremotos causados pelas investigações da Operação Lava Jato.

Com a decisão do STF de jogar para o Congresso a responsabilidade final de afastar parlamentares e os sucessivos questionamentos feitos às delações como a de Sergio Machado, a força-tarefa se encerra extraoficialmente. Embora continue, os efeitos da Lava Jato de agora em diante serão mínimos. Os inquéritos prosseguem e as apurações no STF também, mas, na prática, o futuro imaginado por Romero Jucá finalmente chegou: o grande acordo nacional é uma realidade.

Em menos de 48 horas, o Congresso livrou a cara de um senador acusado de pedir R$ 2 milhões em propina e de um presidente que seria o chefe de um esquema de corrupção na Câmara. A classe política venceu. Não é o caso de repetir uma pergunta que já se esvaziou totalmente de seu conteúdo político (onde estão as panelas?), mas de pensar sobre como tudo isso vai se refletir nas eleições do ano que vem.

*Henrique Araújo é editor-adjunto de Conjuntura do jornal O Povo

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