Plínio Bortolotti: Quem quer dinheiro?

“O batalhão de choque de Temer não vota em defesa do País, ou de uma pretensa estabilidade, como arrotam certos deputados ao microfone. Votam por interesses individuais e de seus grupelhos mesquinhos. Achacam e mercadejam votos, o que deveria ser enquadrado como crime.”.

Por * Plínio Bortolotti

Aliados de Temer - Wilson Dias/Agência Brasil

O presidente Michel Temer safou-se de mais uma denúncia, que poderia levá-lo a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Nunca houve dúvida quanto ao resultado na Câmara dos Deputados, devido ao negócio estabelecido pelo governo para a compra de apoios. O exercício de Temer tornou-se unicamente uma guerrilha para manter-se no poder, junto com a sua organização, apoiado por deputados-mercenários.

Um exemplo desse baixo nível vem do deputado José Rocha (BA), líder do PR na Câmara, que não se vexa em revelar o modos operandi da turma: “Já temos nove votos contra o presidente que são irrecuperáveis. Se vai ter mais voto ou não contra vai depender ou não da liberação (de emendas parlamentares). Se o governo não cumprir, pode ter problema”. (Estado de S. Paulo, 23/10/2017).

Algumas notícias colhidas nesses dias tenebrosos:

1) Governo libera R$ 881 milhões em emendas individuais para deputados.

2) Temer exonera oito ministros para votar a favor dele (são deputados que depois retornarão a seus cargos).

3) Regras do trabalho escravo são afrouxadas para atender à poderosa bancada dos ruralistas, com mais de 200 deputados. (Por enquanto os fazendeiros terão de adiar a festança, pois o STF suspendeu a portaria do governo.) Outro mimo à bancada do boi: 60% de desconto às multas ambientais.

4) Michel Temer vai liberar dezenas de cargos para partidos como PP, PR, PTB e PRB (o chamado “Centrão”).

5) Mais um Refis vai à praça. Ou seja, grandes empresários ganham descontão nas dívidas tributárias com o governo federal.

6) Segundo notícia publicada ontem, neste jornal, o custo do pagode para impedir as denúncias contra Temer chegou a R$ 32 bilhões.

Respeitem-se os que votam, de uma maneira ou de outra, por convicção. Mas o batalhão de choque de Temer não vota em defesa do País, ou de uma pretensa estabilidade, como arrotam certos deputados ao microfone. Votam por interesses individuais e de seus grupelhos mesquinhos. Achacam e mercadejam votos, o que deveria ser enquadrado como crime.

São indignos mandato.

*Plínio Bortolotti é jornalista.

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