Puigdemont nega decisões de Madri e parte para Bruxelas 

Após a destituição de todo o governo catalão pelo governo central espanhol, na sexta-feira (27), o governador da Catalunha Carles Puigdemont não anunciou que posição tomará, mas negou a legalidade das decisões de Rajoy; agora, ele e outros membros do governo regional encontram-se em Bruxelas 

Puigdemont - Reuters

O Parlamento catalão aprovou uma resolução que dá início ao processo de independência da Catalunha; em seguida o Conselho de Ministros da Espanha decidiu, na sexta-feira (27) destituir Carles Puigdemont do poder e anunciou a destituição de todo o Governo catalão (a chamada Generalitat), assim como do diretor geral da polícia, Pere Soler. Ao assumir as funções do presidente da Generalitat, assumiu o poder de dissolver o Parlament (o Parlamento catalão) e convocou eleições para o dia 21 de dezembro. O premiê espanhol, Mariano Rajoy, justificou este anúncio afirmando que decidiu “convocar quanto antes essas eleições livres, limpas e legais que possam restaurar a democracia na comunidade autônoma”.

Enquanto isso, Carles Puigdemont pediu “paciência, perseverança e perspectiva” e ressaltou que “a melhor maneira de defender as conquistas obtidas até hoje é a oposição democrática à aplicação do artigo 155 [da Constituição espanhola, que permite a intervenção do Governo central], que é a consumação de uma agressão premeditada à vontade dos catalães, que de maneira muito majoritária e ao longo de muitos anos nos sentimos nação da Europa”.

Sem anunciar nenhuma medida concreta, Puigdemont pediu aos catalães para “continuar perseverando sem violência, sem ofensas, de maneira inclusiva e respeitando pessoas e símbolos e também os catalães que não estão de acordo com a maioria parlamentar”. Além disso, o governador da Catalunha negou a legitimidade das medidas aprovadas pelo Senado espanhol.

Carles Puigdemont e outros membros do governo destituído da Catalunha estão na Bélgica, segundo os jornais La Vanguardia e El Periodico, que citam fontes do Governo de Madrid. Outros diários espanhóis, como o El Mundo, citam o Ministério do Interior, que também confirmou que Puigdemont viajou para a Bélgica. Não se sabe o que fazem em Bruxelas: se foram pedir asilo político ou se estão fazendo a preparação de uma queixa num tribunal internacional.

Posicionamento da União Europeia

“Para a União Europeia, nada muda. A Espanha continua sendo nosso único interlocutor. ” A mensagem nas redes sociais do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, é a primeira reação de peso à declaração da Catalunha: a UE não reconhece a independência. Tusk, no entanto, pediu calma ao Executivo na aplicação do artigo 155 da Constituição. “Espero que o Governo prefira a força dos argumentos ao argumento da força”, afirmou, em referência às ações policiais de 1 de outubro, que provocaram a aparição de vozes críticas nas instituições europeias em relação ao governo central espanhol.