Operação do Gaeco gera crise na saúde pública em Campinas

A deflagração da primeira fase da Operação Ouro Verde pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, gerou uma crise na saúde pública em Campinas. O prefeito Jonas Donizette (PSB) anunciou o rompimento do contrato com a OS Vitale Saúde – administradora o hospital Ouro Verde, alvo da investigação – e os trabalhadores entraram em greve. A operação apura possíveis desvios de recursos públicos da saúde. A Vitale nega.

vitale - Sindimed

Em ação conjunta com a Polícia Militar, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e seis de prisão em todo o estado. Em Campinas, os agentes foram ao Hospital Municipal Ouro Verde, à Prefeitura e em residências de possíveis envolvidos.

Na casa do funcionário de carreira da Prefeitura, Anésio Corat Júnior – que trabalha como diretor da Secretaria Municipal de Saúde do município – foram encontrados R$ 1,2 milhões. Fernando Vitor Torres Nogueira Franco, ligado à Vitale, foi preso em casa, onde a PM encontrou, e apreendeu uma Ferrari e um BMW, além de documentos. Os demais mandados, foram realizados em Bariri (sede a OS), Mogi das Cruzes, Santa Branca, Ubatuba, Várzea Paulista e na capital paulista.

Os vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Pedro Tourinho (PT), Carlão do PT, Mariana Conti (Psol) e Marcelo Silva (PSD) protocolaram um pedido para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os possíveis desvios. Para que a CPI seja instalada são necessárias 11 assinaturas.

Em assembleia realizada na quinta-feira (30), os trabalhadores e médicos do Hospital Ouro Verde deflagraram greve por estarem com salários atrasados e por não terem recebido a primeira parcela do 13° de 2017. Só estão sendo atendidos os casos de urgência e emergência.

O vereador Gustavo Petta reuniu-se com os trabalhadores na manhã de hoje (01). Ele manifestou seu apoio ao movimento e falou sobre o pedido de abertura da CPI, conclamando os trabalhadores a entrarem em contato com os vereadores e pedirem que assinem o pedido de investigação para que a Câmara cumpra o seu papel de fiscalização do Poder Executivo.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito anunciou a exoneração de qualquer funcionário público envolvido, disse que vai colocar a Vitale para fora de Campinas e vai respeitar os direitos dos 1,6 funcionários do hospital. O Diário Oficial de sexta (01) publicou a revogação da nomeação de Anésio e a exoneração do funcionário comissionado Ramon Luciano da Silva – que também está sendo investigado.

A investigação começou após denúncia feita pelo Sindicato dos Médicos de Campinas (Sindimed) e pela delegacia de Campinas do Conselho Regional de Medicina que solicitaram que o MPE verificasse possíveis irregularidades no processo do contrato firmado entre a prefeitura e a Vitale. O Ministério Público estima o prejuízo em R$ 4 milhões e considera que há indícios de que a OS também possa ter praticado ilícitos em outros estados.

O contrato de gestão do Ouro Verde foi assinado em meados de 2017, com validade de cinco anos, e previa um repasse mensal da prefeitura de R$ 10,9 milhões.