Durante debate, Piñera faz declaração errônea sobre transgêneros
Depois de debates calorosos durante quase duas semanas, os candidatos presidenciais do Chile, o de centro esquerda Alejandro Guillier e o conservador Sebastián Piñera, fizeram hoje um debate com tons moderados, não fosse pela declaração ofensiva de Piñera sobre pessoas transgêneras
Publicado 08/12/2017 16:25

Durante o debate, o ex-presidente do Chile e atual candidato nas eleições, Sebastián Piñera, declarou que muitos dos casos de crianças transgêneros "são corrigidos com a idade" e por isso deve-se "agir" e "cuidar" delas. "Não podemos fingir que o gênero é algo que é absolutamente mutável todos os dias, apenas a vontade das pessoas", acrescentou.
Guillier também rebateu as declarações de Piñera em suas redes sociais: "as pessoas transexuais não estão doentes ou têm defeitos que são 'corrigidas' ao longo do tempo, são pessoas que exigem igualdade de direitos, uma sociedade que os respeita e um Estado que facilita uma vida digna", afirmou.
A declaração de Piñera foi duramente criticada pelo Movimento de Libertação Homossexual (Movilh). "A identidade de gênero não é corrigida, não há estudo científico que respalda as declarações ofensivas do candidato, falar sobre corrigir a identidade das crianças é desumano, mais respeito", escreveu a organização no Twitter.
Em relação as outras questões, um debate moderado
Guillier, que é senador independente e conta com o apoio da maioria da centro-esquerda, e o ex-mandatário Piñera, de direita, destacaram temas de grande interesse nacional, como o sistema de pensões.
No debate radial, os dois focos de atenção estiveram relacionados às críticas às Seguradoras de Fundos de Pensões (AFP) privadas e um eventual sistema previsional a cargo do Estado e o Crédito de Estudos Superiores (CAI).
Por hora nenhum dos dois candidatos ao Palácio de la Moneda se pronunciou, na maneira como exige boa parte da população, sobre a eliminação das AFP; contudo, Guillier reiterou a necessidade de criar alternativas.
"Faremos sistemas alternativos, um ou vários, e o contribuinte é quem vai decidir com que sistema fica", declarou sem se alinhar por completo as decisões Frente Ampla (esquerda) nem ao movimento NO+AFP.
Piñera, por sua vez, prometeu fazer uma reforma muito profunda às AFP, "abrindo a indústria, incorporando novos agentes, para que baixem as comissões e melhorem as pensões".
A respeito do CAI, o magnata de direita indicou que a educação é um bem público e o Estad eve ser responsável, porque "não é justo que os mais pobres paguem às famílias mais ricas".
"Creio na gratuidade, mas não para todos, e essa é a grande diferença com Guillier", avaliou.
O senador respondeu que "40% quer chegar a terminar com a dívida (CAI), isso significa que o Estado se faz cargo para sempre (…) e em outros casos, suprimindo a taxa de juros'.
"Defendemos o direito à saúde e à educação", acrescentou.