"Clima de velório", descreve Requião sobre convenção do agora MDB

Em convenção nacional extraordinária realizada nesta terça-feira (19), os delegados do PMDB aprovaram a retirada da letra "P" da sigla da legenda, que volta a se chamar apenas Movimento Democrático Brasileiro, ou MDB.

Por Dayane Santos

Temer na convenção do PMDB - Filipe Cardoso/PMDB Nacional

"Clima de velório. Nenhuma empolgação. Romero Jucá, que é presidente do partido, fala e recebe muito poucos aplausos de uma galera colocada na primeira fila", descreveu o senador Roberto Requião (PMDB-PR), sobre o que viu na convenção realizado em Brasília.

A troca do nome da sigla recebeu 325 votos a favor e 88 contra e é uma tentativa de melhorar a imagem do partido, desgastada pelo golpe contra a democracia dado pela cúpula liderada por Michel Temer e pelo seu envolvimento nos escândalos de corrupção.

Segundo o presidente da sigla, Romero Jucá, que é investigado em vária processos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o objetivo não é "voltar ao passado", mas dar "um passo gigantesco para o futuro". A alteração precisa ser autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Movimento Democrático Brasileiro era o nome da agremiação antes de 1980, quando, durante a ditadura militar em que os partidos foram perseguidos.

"Que acorde o verdadeiro MDB, esse partido que foi importantíssimo na democratização do Brasil, que se opôs à ditadura e que hoje se transforma num instrumento do capital financeiro para fazer modificações na estrutura administrativa e econômica do Brasil que só interessam aos detentores do grande capital. PMDB velho de guerra, acorde em todo o Brasil!", conclamou Requião.

Segundo o senador paranaense, que é também um dos mais ferrenhos opositores ao governo Temer, o PMDB não é o que se manifesta na convenção. "O PMDB não é a 'Ponte para o futuro'. O PMDB não é o massacre dos trabalhadores e o fim da Consolidação da Leis do Trabalho. O PMDB não é o fim da Previdência e da aposentadoria dos brasileiros. O PMDB não é entrega do petróleo. O PMDB não é um partido que combate os professores e a educação. O PMDB não massacra a saúde pública", defendeu o senador.

Segundo ele, o verdadeiro PMDB é aquele que aprovou o documento "Esperança e Mudança", que é, de acordo com o senador, "um documento desenvolvimentista, nacionalista e popular".

"Esta é a verdadeira face do PMDB", acrescentou.