Demissões de jornalistas cresce 60% entre 2016 e 2017

Conhecidas como 'passaralhos', as demissões de jornalistas atingiram o segundo maior patamar desde que o projeto Volt Data Lab começou a pesquisar o assunto. Confira a matéria de Sérgio Spagnuolo.

O total registrado de demissões em redações no Brasil chegou a 380 jornalistas em 2017, um salto de mais de 60% sobre o ano anterior e o segundo maior patamar da série A Conta dos Passaralhos, projeto do Volt Data Lab que mapeia dispensas em empresas jornalísticas desde 2012. O volume de desligamentos no ano ainda é bem menor do que em 2015, quando foram apuradas 685 demissões em meio a reestruturações de grandes redações, em diversas mídias.

Mas o montante de ocorrências dos chamados “passaralhos” foi o maior desde o início da série, com 53 episódios registrados neste ano (sete a mais do que o segundo lugar), evidenciando que as demissões acontecem mais recorrentemente, embora em menor escala a cada vez.

Com a nova lei trabalhista, que entrou em vigor em novembro, a partir desses dados será possível observar, em 2018, como se darão essas movimentações nas empresas jornalísticas e em suas redações, principalmente por conta da nova regra de terceirização de atividade-fim e de maior flexibilização em novos contratos de trabalho.

Vale notar que esses dados servem principalmente como termômetro sobre o setor, não como estatística de emprego. A ressalva é necessária porque o número de demissões é provavelmente maior, considerando que são registradas apenas as demissões informadas pela imprensa — principalmente por veículos segmentados como Jornalistas&Cia, Portal Comunique-se, Portal Imprensa e Portal dos Jornalistas.

Além disso, não é possível apurar as contratações das redações, que certamente aconteceram mas não são divulgadas publicamente, o que inviabiliza calcular o “saldo” entre demissões e admissões. Lembrando que a contratação de PJs e frilas fixos é muito comum nas redações, algo que não vai para estatísticas oficiais de empregos.

Veja a metodologia aqui.

Considerando outros profissionais de veículos jornalísticos, como de áreas administrativas, de marketing e de gráficas, entre outras (inclusive jornalistas), as demissões totais somam 1.063 em 2017, terceiro maior ano da série histórica após 2015 e 2013, conforme o gráfico.

Em 2017, foi possível identificar um aumento nas demissões no segmento de rádio e de TV (aqui contabilizados conjuntamente por conta da outorga de radiofrequências), certamente impulsionadas por movimentações no Grupo Globo, como na CBN e no Globo Esporte.

Mas os jornais ainda continuaram a ser os que mais demitiram no ano, o que vem acontecendo desde 2013. Desde 2012, jornais foram responsáveis por 48% das 2.026 demissões apuradas nas redações, ao passo que rádio e TV totalizam 27%. Se considerarmos apenas as 380 demissões de 2017, o percentual deste último grupo subiu para 39% (o maior até agora), ante 42% dos jornais.

Em termos de demissões totais, ou seja, considerando outros tipos de profissionais, inclusive jornalistas, empresas de rádio e TV lideram o ranking de demissões, com nada menos do que a metade das 6.813 dispensas de 2012 a 2017, ao passo que jornais detém 33% de participação.