Maia admite candidatura ao Planalto e rivaliza com Meireles

Com o governo em frangalhos, líderes de partidos da base aliada se movimentam para ocupar espaço e postular seus candidatos para as eleições de 2018. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já admite oficialmente que busca viabilizar a sua candidatura à Presidência da República.

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A legenda, que sempre ficou na sombra dos tucanos, agora diz que quer ter candidato próprio. Os primeiros a embarcarem com Maia foram o PP e Solidariedade que já deram início a conversas antes da votação da segunda denúncia contra Temer na Câmara.

"Se estou sendo cogitado [por alguns partidos] como uma alternativa, é porque há uma avenida aberta", afirmou Maia, em entrevista ao O Globo.

Maia deu início a encontros com direito a pose para fotos e está articulando viagens pelo Brasil e reuniões com aliados para tentar viabilizar seu nome. Na sexta-feira (5), se reuniu com o deputado Paulinho da Força (SD-SP) e como a maioria dos candidatos da direita, a busca é dar um verniz de “centro” para não sofrer o impacto da rejeição das urnas.

"Há um espaço no eleitorado de centro, principalmente diante das dúvidas em torno do ex-presidente Lula. Como Maia tem boa relação com diversos partidos, esse espaço pode ser viabilizado com ele", disse Paulinho.

Mas a candidatura de Maia cria um imbróglio no governo, já que o ministro da Fazenda, Henrique Meireles (PSD-SP), tenta ser o candidato do "legado" das reformas do governo de Michel Temer.

Nesta segunda-feira (8), Maia deu uma cutucada no seu adversário e demonstrou que quer ser o candidato das reformas de Temer. Disse que Meirelles deveria apresentar à sociedade uma agenda que avance além da reforma da Previdência, que está sem força para ser aprovada.

"Na minha opinião, a agenda do ministro Meirelles, e não estou aqui querendo criticar… Ela comete (um erro), do meu ponto de vista, e já disse (isso) a alguns assessores dele. Ela vai só na primeira parte do processo. A sociedade quer saber como você faz a segunda", disse ele em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. "Todos nós que temos essa agenda (da reforma) como prioritária, temos que falar da segunda parte da agenda. Senão fica muito árida. Fica só a parte que, em tese, vai tirar alguma coisa de alguém. Que não é verdade, mas é o que se vende aí, pelos campos da esquerda".

Apesar de defender as reformas, Maia tenta demonstrar certa distância do governo, o que aliás tem sido a tática de diversos aliados que entregam os ministérios e outros que estão de malas prontas. Maia diz que não fará nenhum movimento mais assertivo até a votação da reforma da Previdência, marcada para 19 de fevereiro.

Com a convenção do DEM marcada para o dia 6, Maia terá outros nomes no partido que postulam a vaga de candidato, entre os quais Mendonça Filho, ministro da Educação, ACM Neto, prefeito de Salvador, e Ronaldo Caiado, senador (GO).