Polônia muda ministros devido à pressão da UE
Depois que o parlamento polonês ter aprovado uma reforma que subordina o poder judicial ao poder político, a União Europeia ameaçou aplicar a "opção nuclear" contra Varsóvia, que deixaria o país fora das votações do bloco
Publicado 11/01/2018 18:09
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, avançou para uma remodelação governamental em que prescindiu de alguns dos seus principais ministros — o da Defesa, o do Ambiente e o das Relações Exteriores.
A medida é vista como uma tentativa do partido da direita conservadora Lei e Justiça – que está a frente do governo- de melhorar as relações com a União Europeia, depois do desgaste causado pela reforma judicial que subordina o poder judicial ao poder político em Varsóvia. Bruxelas condenou a medida, afirmando que aquele país estava tomando uma atitude antidemocrática, e recomendou aos Estados-membros a aplicação do artigo 7º do Tratado Europeu contra a Polônia, que ficaria em risco de perder o seu direito de voto na UE.
“Nós não somos e não queremos ser um governo dogmático, doutrinário, ou um governo de extremismos socialistas e neoliberais”, afirmou na terça-feira (9), citado pelo Guardian, o antigo ministro das Finanças e atual primeiro-ministro da Polônia (desde dezembro), durante a cerimônia de tomada de posse dos novos ministros.
Apesar de ter substituído três dos seus principais ministros, Morawiecki manteve no cargo o responsável pela reforma da Justiça, Zbigniew Ziobro, autor das alterações judiciais que aumentaram as tensões com a União Europeia. A manutenção da permanência de Ziobro é um sinal de que o líder do governo de Varsóvia defende as medidas judiciais tomadas, apesar da pressão europeia.
Antoni Macierewicz é, talvez, como analisa o Guardian, a personalidade mais relevante que saiu do governo. O veterano político desempenhou até o momento da destituição o cargo de ministro da Defesa, gerando preocupações em relação a segurança nacional devido à sua radical reestruturação das Forças Armadas polonêsas. Morawiecki retira ainda do executivo uma figura ligada a direita nacionalista e radical, tentando provar que pretende moderar o governo que lidera. O novo ministro da Defesa é Mariusz Blaszczak, que desempenhava funções no Ministério do Interior.
O ministro do Ambiente, Jan Syszko, foi também dispensado, bem como o ministro das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, que foi substituído por um professor de relações internacionais.
A tomada de posse dos novos ministros aconteceu no mesmo dia em que Mateusz Morawiecki se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. O encontro, realizado na terça-feira (9) em Bruxelas, faz parte de uma série de negociações entre os Estados-membros sobre o orçamento para os próximos sete anos.
Antes do encontro, Juncker falou sobre a atual relação entre Bruxelas e Varsóvia para descartar qualquer corte orçamental como castigo pelas reformas judiciais na Polônia: "Não estou com disposição para ameaças selvagens. Gostaria que tivéssemos uma conversa razoável", afirmou à televisão alemã ARD.