O Problema da Juventude Brasileira!

por Bernardino Jesus de Brito

País que não valoriza a juventude, obviamente, não valoriza os idosos. Os bons tratos que os jovens podem prestar aos idosos, são frutos dos valores familiares, do sistema de educação, e bem como da cultura social a que eles estão inseridos. Nenhum desses três aspectos podem falhar, e também, não se pode jogar tudo no colo do Estado, e do mesmo modo, em cima da família.

Fato é que, se a força de trabalho jovem não for bem aproveitada, nem esses, e nem os idosos, encontrarão um nível mínimo de paz e felicidade. Gerar riquezas não quer dizer mergulhar o indivíduo no consumo, mas permitir um acesso aos bens materiais e culturais que lhe garanta, ao menos, uma satisfação mínima e uma perspectiva de segurança no futuro. A produção, portanto, a criação de riquezas, não sobrevive sem a inserção do jovem, mas o que tem ocorrido no Brasil?

A morte por homicídio de 30 jovens por dia (até 19 anos), sem contar as mortes derivadas do uso de drogas e dos acidentes de trânsito pós habilitação para guiar carros e motos. Trata-se de um verdadeiro extermínio humano, e ao mesmo tempo, uma negação do valor trabalho desses jovens, o que torna a nação, cada dia mais pobre. Importante reforçar, essa realidade não torna somente os pobres cada dia mais pobres, e sim, a nação como um todo, cada dia mais pobre.

Segundo os dados do IBGE, 1/4 da população brasileira vive com renda familiar equivalente a 5 dólares por dia, valor abaixo da linha da pobreza internacional segundo o critério do Banco Mundial. Desse grupo de 1/4 da população, mais de 40% representam crianças e adolescentes. Não há como melhorar a riqueza do país, e elevar as condições de bem estar a todos, sem a inclusã4o das massas que se encontram em situações de vulnerabilidade social.

Como desenvolver a economia e distribuir renda em um país onde 1% da população detém quase 1/3 da renda nacional? Como superar uma triste realidade educacional onde 13 milhões de pessoas ainda são analfabetas, e 30% dos estudados são analfabetos funcionais? Como impedir doenças e epidemias, reduzir gastos com a saúde, ou redirecioná-los a prevenção se, 17% dos brasileiros não possuem água encanada e tratada? Se metade da população (50%) não possuem coleta de esgoto?

O exame do Enem, por exemplo, revela segundo o INEP-MEC, os danos provocados na educação pela má distribuição de renda e de infraestrutura. Dos mil primeiros colocados, 25% (1/4) possuem renda familiar acima de 18 mil reais, nesse grupo há também milagrosos e raríssimos pobres que chegaram as universidades federais graças às políticas públicas e sociais. Não é hora para a propagação do ódio, se é que lamentavelmente em algum lugar exista hora psra isso, e sim, momento urgente de apresentar propostas que tragam soluções a esse triste quadro.

Bernardino Jesus de Brito é diretor Executivo do Dieese e diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo.