Terreiro de Umbanda é tema de pesquisa de estudantes de psicologia

O Terreiro de Umbanda Vó Benedita do Congo (Campinas/SP) foi tema de pesquisa cientifica de Karina Ferreira de Alkmim, Priscila Fernanda do Valle e Renata Rocha Santos Monteiro, alunas do curso de Psicologia, da UNINOVE /SP. A partir de uma investigação científica sobre o funcionamento de práticas religiosas, as estudantes abordaram o tema do casamento coletivo e, principalmente, do casamento homoafetivo e como a homossexualidade é tratada pela Umbanda.

Seu objetivo foi investigar como a questão da sexualidade é tratada durante as práticas religiosas, e também se os orixás interferem na orientação sexual dos filhos de santo. Elas começaram o projeto estabelecendo contato com líderes espirituais de Umbanda a partir de redes sociais.

Dessa forma, conheceram Pai Joãozinho Galerani que, junto com Mãe Sueli de Iansã, são os responsáveis pela condução dos cultos no Terreiro. Um dos primeiros locais a realizar casamentos coletivos e homoafetivo, o Pai relatou que não foi uma ideia somente dele, houve a colaboração da Alessandra Ribeiro da Comunidade Jongo Dito Ribeiro – Casa de Cultura Fazenda Roseira, e que em um dos casamentos que celebrou houve a junção de duas crenças, pois um dos noivos era católico e o outro umbandista.

As estagiárias perguntaram se os orixás interferem na orientação sexual de seus seguidores e se há algum tipo de iniciação sexual na religião. A resposta foi que não há interferência dos orixás na opção sexual nem nas características físicas dos filhos de santo fora do terreiro. “Homens podem e incorporam pomba giras e mulheres podem incorporar preto velho, por exemplo, que não há nenhum tipo de iniciação sexual ou ritual que seja vinculado a sexo nas práticas da Umbanda”, afirmou o Pai. Ele também relatou que no terreiro onde é líder não há nenhum tipo de preconceito em relação às questões homo afetivas.

Em seu trabalho, as estudantes afirmam que a Umbanda é uma religião brasileira, de matriz africana, que cultua entidades com características regionais. Sua origem vem de cultos de ancestraris do povo negro que praticava sua fé e culto aos orixás atrelados ao sincretismo para manter sua cultura e religiosidade vivas. Os cultos aconteciam nas senzalas e matas, realizados e linguagem ioruba, o que impossibilitava os donos das pessoas escravizadas compreenderem seus louvores e clemência aos orixás, simbolizados por santos da igreja católica.

Anunciada em 1908 a Zélio Fernando de Morais, a Umbanda é uma religião construída com elementos sistematizados de outras religiões cristãs, espiritas e do Candomblé. Fundada com normas e condutas baseadas na prática da caridade. Independente de suas vertentes, a Umbanda é formada pelo sincretismo católico aos orixás, como seus fundamentos e conceitos. Assim, oficialmente nasce a Umbanda, uma religião de matriz africana, que assim como o candomblé, cultua os orixás, porem, também entidades como caboclos pretos velhos baianos e outras entidades de características regionais brasileiras.

O terreiro de Umbanda Vó Benedita do Congo foi fundado em 2003 e está localizado na Vila Ipê, em Campinas/SP.