Viaduto em São Paulo muda nome e deixa de homenagear a ditadura
O Viaduto 31 de Março, no bairro do Brás, passa a ter nome de Therezinha Zerbini, advogada que foi uma das principais ativistas pela anistia política no Brasil.
Publicado 28/02/2018 08:55 | Editado 04/03/2020 17:15
O Viaduto 31 de Março, no bairro paulistano do Brás, terá o nome alterado para Therezinha Zerbini, deixando de homenagear o golpe de 1964 para exaltar a memória de uma das principais ativistas pela anistia no Brasil. Depois de tramitar desde o final de março de 2017, o projeto foi aprovado e tornou-se a Lei 16.846, sancionada pelo prefeito João Doria (PSDB). Estranhamente, no decreto de sanção não consta a assinatura da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania.
De autoria da vereadora Adriana Ramalho, líder do PSDB na Câmara, o projeto tem inspiração no programa Ruas de Memória, criado na gestão de Fernando Haddad (PT), para alterar nomes de logradouros públicos que façam referência a personagens ou eventos da ditadura civil-militar (1964-1985). O programa foi criado justamente pela Secretaria de Direitos Humanos, atendendo a recomendações do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
De acordo com o Legislativo paulistano, a capital tem 40 nomes de ruas ligados à ditadura – 22 ligados diretamente à repressão. No ano passado, contrariando entidades de direitos humanos e sua própria secretária, a gestão Doria não vetou projeto que homenageava o ex-diretor do Dops Romeu Tuma.
"Therezinha Zerbini foi assistente social, advogada e ativista de direitos humanos. Dedicou-se em vida à luta pela anistia de exilados e presos políticos", afirmou a vereadora. Fundadora do Movimento Feminino pela Anistia, ela morreu em março de 2015, aos 87 anos.