Cida Pedrosa: Por Marielle, Margarida, Dorothy 

O ativismo de Marielle Franco, vereadora do município do Rio de Janeiro, em favor dos direitos humanos e contrário aos abusos de autoridade sofridos pelas populações periféricas, foi interrompido por tiros no escuro da noite.

Calaram a voz que se pronunciava contra as injustiças, a privação de direitos e o autoritarismo que tanto ameaçam o estado democrático. Mas esqueceram que o brado de indignação que partiu de Marielle continuará ressoando pela garganta, suor e lágrimas de quantos acreditam em igualdade, liberdade e justiça. De todas as mulheres que lutam por um mundo mais igualitário, que acreditam em cidades mais inclusivas, no pleno direito à democracia.

Cada uma de nós foi alvejada por esse disparo covarde, pois justo agora, quando estamos lutando para aumentar a representatividade das mulheres nos espaços de poder político, perdermos uma valorosa parlamentar de forma tão brutal. É nosso direito cobrar o esclarecimento do crime e a punição exemplar de todos os envolvidos. É nosso dever lutar para que ideias e pessoas empenhadas em reduzir as desigualdades no Brasil, como Marielle, Margarida e irmã Dorothy – a incansável defensora dos extrativistas do Norte, assassinada em 2005 – não continuem sendo esmagadas pela brutalidade.

Estamos feridas, é verdade, mas não inertes nem amedrontadas, pois fomos contagiadas pela coragem de Marielle, que há de nos guiar como um farol nessa luta por justiça social. A força bruta e autoritária que tirou sua vida jamais poderá destruir os ideais plantados em sua memória. Marielle Franco renascerá em cada uma de nós! Presente, sempre!

Publicado na edição de hoje do Jornal do Commercio/Opinião.

(*) Cida Pedrosa é secretária da Mulher do Recife e dirigente estadual do PCdoB-PE.