Carlos Campelo Júnior: Eu não me incomodo com ovos

“O Brasil não precisa mais de mártires, sejam eles Tiradentes, Getúlio Marighela, Chico Mendes, um policial civil ou militar no exercício da profissão, o Lula, ou muito menos a população no geral. Aqueles e aquelas que morrem antes de nascer, ceifados na juventude ou vítimas das tais balas perdidas, já são os nossos mártires todo santo dia”.

Por Carlos Campelo Júnior*

Lula - Ricardo Stuckert

Qualquer pessoa pode comer ovos, manifestar sua indignação com ovos, brincar o carnaval com ovos e expressar sua força ou raiva quebrando ovos. Eu mesmo admito que atirei e acertei alguns ovos no Ronaldo Caiado, o representante da facínora UDR, na sua chegada no antigo aeroporto Pinto Martins, na época do então do primeiro mandato do Tasso. Joguei ovos no FHC, na ocasião do Fórum Mundial ocorrido em Fortaleza, no SEBRAE/CE, no segundo governo do Tasso. Tinha uma mira boa. Não convém admitir, mas não me arrependo. Joguei ovos na minha juventude. A idade e a irreverência tão natural desse período depõem ao meu favor.

Hoje assisto os donos do latifúndio brasileiro, velhos, arcaicos, cheios de preconceitos e ódios com as suas claques, provocando mais uma vez a divisão do Brasil, com ódio, ódio e ódio. De classe! A diferença é que começaram com ovos e agora com balas novamente! Há poucos dias, alguns jovens do PCdoB, Marielle e sem contar os inúmeros líderes sindicais e do campo executados. Assassinatos provocados por grileiros.

Fascistas! Sim, fascistas na essência, na ideologia e na convicta fundamentação. Apregoam com um sentimento doentio e hipócrita que é melhor o Lula morrer, por que ao invés de uma prisão, ele , o Lula se tornará um mártir. Em que estado civilizatório alcançamos em pleno Século 21 para admitir a morte ou a vida de alguém? Reconheço isso nas ondas que levam ao caos da barbárie.

O Brasil não precisa mais de mártires, sejam eles Tiradentes, Getúlio Marighela, Chico Mendes, um policial civil ou militar no exercício da profissão, o Lula, ou muito menos a população no geral. Aqueles e aquelas que morrem antes de nascer, ceifados na juventude ou vítimas das tais balas perdidas, já são os nossos mártires todo santo dia.

Reagiremos nas ruas com a nossa juventude com seus cadernos e canetas ou nos comícios em volta dos caixões dos nossos tombados ou de uma forma mais concreta? A agressão, o atentado aos dois ex presidentes com BALAS é uma agressão a todos nós. ah se Lula tivesse um pouquinho de sangue revolucionário.

*Carlos Campelo Júnior é professor e ex-secretário executivo da Secretaria de Esporte e Lazer de Fortaleza (Secel).


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