Temer diz ser preciso “reunificar” o país que ele dividiu com o golpe

Em mensagem publicada no Twitter na manhã deste domingo de Páscoa (1º de abril), Michel Temer diz que é necessário “pacificar e reunificar” o país que ele ajudou a dividir com o golpe de 2016.

Temer - Reprodução da internet

“Páscoa é passagem para uma nova vida. É o que está acontecendo no Brasil hoje”, diz Temer, que mais parece estar falando de si do que do Brasil. Segundo ele, o país saiu da recessão e o governo está oferecendo “um país revigorado”.

O discurso de Temer contradiz os dados sobre o desemprego no país que voltou a subir (0,6%) e atingiu 12,6% no trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. O país “revigorado” de Temer tem hoje 13,1 milhões de pessoas desempregadas, 550 mil a mais em relação ao trimestre anterior (12,6 milhões).

“Precisamos, agora, com o espírito de Páscoa, pacificar e reunificar a nossa gente”, diz Temer, nas cordas com as investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) que levaram à prisão de aliados próximos na última quinta-feira.

Temer tem usado essa retórica do diálogo e da reunificação nos últimos dias. Mas ignorou esse chamado ao se aliar com outras forças de direita para dar um golpe contra o mandato da então presidenta Dilma Rousseff.

O governo esperava que uma terceira denúncia pudesse ser apresentada, mas não contava com a prisão preventiva dos investigados, o que, segundo fontes, causou perplexidade.

Após a revogação das prisões pelo ministro Luís Barroso, do STF, o governo considerou que a decisão reduz a tensão dos últimos dias, mas não será capaz de reverter o estrago político na imagem de Temer.

De acordo com matéria do G1, assessores de Temer consideram que o “estrago político está feito” e “não tem volta”, prejudicando as articulações do emedebista para disputar um novo mandato.

Ainda segundo assessores, o pedido para revogar as prisões da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, aceito logo em seguida por Barroso, mostraria que elas não seriam necessárias. Bastaria, na visão deles, ter seguido o que foi requisitado pela Polícia Federal de realizar uma intimação simultânea de todos os investigados.