A violência continua em Gaza: soldados comemoram e jornalista é assassinado

Um vídeo divulgado na terça-feira (24), pela ONG israelense de direitos humanos, B'Tselem, mostra o momento em que soldados israelenses comemoram após atirar e atingir um manifestante palestino na aldeia de Madama, ao sul de Nablus, na Cisjordânia. Enquanto isso, moradores de Gaza participaram nesta quinta-feira (26), do funeral do jornalista Ahmed Abu Hussein, assassinado por soldados israelenses quando cobria a Marcha do Retorno

jornalista palestino atingido por soldados israelenses

Três militares fortemente armados planejam o melhor momento para disparar contra as pessoas. Um deles orienta o outro a ter calma para esperar que o alvo chegue mais perto para ser atingido. Veja o vídeo abaixo.

Quando consegue acertar um dos palestinos, o soldado vibra e o colega reforça: “Você atingiu ele.” O militar que disparou completa xingando a vítima: “O filha da p…”

A agressão ocorreu na tarde do dia 13 de abril quando aproximadamente 30 moradores do local tentavam remover uma barreira que os militares colocaram na entrada da aldeia.

Quando notaram a presença dos soldados, os moradores passaram a lançar pedras para afastá-los. Os militares responderam com gás lacrimogêneo e balas de metal revestidas de borracha.

Sete palestinos ficaram feridos ​​pelos disparos. Dois deles precisaram ser levados para o hospital de Nablus para receber tratamento médico.


Fotógrafo baleado durante cobertura da Marcha do Retorno

Ao ser atingido, o fotógrafo ficou em estado gravíssimo, mesmo assim as autoridades israelenses atrapalharam sua transferência para um hospital na Cisjordânia, onde teria mais recursos para ser atendido.

A remoção só foi permitida mais de 48 horas após Hussein ter sido baleado pelos soldados sionistas. E só ocorreu depois de esforços extenuantes de funcionários do governo palestino, segundo declarou, à época da transferência, o presidente do Sindicato dos Jornalistas da Palestina, Nasser Abu Bakr.

Israel mantém um cerco ferrenho a Gaza há mais de 11 anos, impedindo que a população saia do território sem a autorização israelense nem mesmo para se dirigir a hospitais. O atendimento hospitalar na Faixa de Gaza também é dificultado porque o governo sionista tenta impedir até a entrada de medicamentos.

O sindicalista recorda que Israel também negou atendimento a Hussein em seus hospitais. Ele é o segundo jornalista a ser morto por soldados israelenses enquanto trabalhava na cobertura da Grande Marcha do Retorno. O fotógrafo palestino Yaser Murtaja foi assassinado pelas forças de repressão de Israel no último dia 6. Os dois usavam coletes que os identificavam como profissionais de imprensa quando foram baleados.

Nesta sexta-feira, 27, ocorre a quinta semana de protestos, que se estendem até o próximo dia 15 de maio, data dos 70 anos da Nakba (catástrofe em tradução do árabe), quando Israel expulsou aproximadamente 800 mil palestinos de suas terras e casas para assentar em seu lugar colonos israelenses.

O direito dos palestinos poderem retornar ao território ocupado por Israel é assegurado pela própria ONU (Organização das Nações Unidas). Mas os sionistas nunca respeitaram esse direito. Até mesmo os filhos e netos desses palestinos são impedidos de conhecerem a terra dos antepassados.