Mais de 50 palestinos são assassinados na Faixa de Gaza
A embaixada norte-americana em Israel, que antes estava em Tel Aviv, passa nessa segunda-feira (14) para Jerusalém, no local onde ficava um consulado dos EUA até então. Uma grande mobilização palestina já ocorre nesse momento na Faixa de Gaza com protestos contra a mudança e em memória dos 70 anos da Nakba (catástrofe) em decorrência da criação do Estado de Israel, que tem reprimido com brutal violência qualquer manifestação em Gaza
Publicado 14/05/2018 14:18
Até agora, pelo menos 52 palestinos foram assassinados pelo exército israelense nos protestos dessa segunda-feira (14) contra a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém, incluindo seis crianças. Mais de 2400 pessoas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde palestino em Gaza.
Com as vítimas dessa segunda (14), sobre para 105 o número de palestinos assassinados desde o dia 30 de março, quando começou a Marcha do Retorno, uma série de protestos do povo Palestino para reivindicar a volta para suas terras, das quais foram expulsos ou foram obrigados a deixar como refugiados após a criação do Estado de Israel em 1948.
Milhares de manifestantes palestinos se reuniram em diferentes pontos, alguns grupos mais próximos da fronteira com Israel e outros mais distantes. Entre os mortos estão diversos adolescentes com idade entre 14 e 16 anos. O primeiro a morrer nesta segunda foi Anas Qudieh, de 21 anos, atingido por um disparo de arma de fogo no leste de Khan Yunis, no sul do território palestino. A lista de mortos já identificados tem jovens na faixa de 20 a 30 anos.
Ilustração feita por Carlos Latuff e publicada em sua página no Facebook
Em atualização constante do número de manifestantes atingidos, a autoridade de saúde palestina já fala em 2.410 feridos, incluindo 200 crianças. Segundo os palestinos, 28 pessoas estão em estado crítico.
A transferência da embaixada fere o direito internacional
Em 30 de julho de 1980 foi votada no parlamento de Israel a "Lei Básica de Jerusalém, capital de Israel", que em agosto do mesmo ano foi considerada pela ONU como inválida, uma vez que faz oposição à resolução 476 de 30 de junho de 1980, do Conselho de Segurança, que estabeleceu que a "lei de Jerusalém" é uma violação do direito internacional, em especial contra a Quarta Convenção de Genebra de 1949, além de ser um sério obstáculo para a conquista da paz. Jerusalém é uma cidade sagrada para ambas as religiões- judaica e muçulmana- assim sendo, ainda segundo o Conselho de Segurança, todas as medidas que alteraram o caráter geográfico, demográfico e histórico e o Estatuto da Cidade Santa são nulas, sem efeito e ineficazes.
Mudar a embaixada dos EUA para Jerusalém e entender a Cidade Santa como capital de Israel vai completamente contra as resoluções estabelecidas pela ONU, além de dificultar o processo de paz na região. Em 2017, quando anunciada a mudança da Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, 128 países, dos 198 que integram a Assembleia Geral da ONU, votaram uma resolução de condenação à decisão americana. Apenas 7 países ficaram com Trump.