Moro ignora STF e mantém processo do sítio de Atibaia em Curitiba

O juiz Sérgio Moro decidiu manter o processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acerca do sítio de Atibaia sob seu controle, apesar da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ter determinado que os anexos do processo que não possuem relação com a Petrobras sejam enviados para a Justiça Federal em São Paulo.

Sergio Moro - Agência Câmara

Segundo Moro, há precipitação das partes – a defesa pede a transferência imediata do processo para São Paulo e a força-tarefa defende que ele fique em Curitiba – já que o “respeitável acórdão” do STF “sequer foi publicado”.

“Entendo que há aqui com todo o respeito uma precipitação das partes, pois, verificando o trâmite do processo no Egrégio Supremo Tribunal Federal, o respeitável acórdão sequer foi publicado, sendo necessária a medida para avaliar a extensão do julgado do colegiado”, disse.

Apesar da preocupação de Moro em “esperar o acórdão”, ele não fez o mesmo ao decretar a prisão do ex-presidente Lula, em 6 de abril, antes de findarem os recursos apresentados pela defensa e antes do Supremo Tribunal Federal publicar o acórdão que negou um habeas corpus preventivo.

Contraditório, Moro aproveitou para adiantar sua posição sobre o assunto. “Pelas informações disponíveis, porém, acerca do respeitável voto do eminente relator ministro Dias Toffoli, redator para o acórdão, não há uma referência direta nele à presente ação penal ou alguma determinação expressa de declinação de competência desta ação penal. Aliás, o eminente ministro foi enfático em seu respeitável voto ao consignar que a decisão tinha caráter provisório e tinha presente apenas os elementos então disponíveis naqueles autos”, justificou Moro em seu despacho.

Agora, Moro diz que analisar a competência dele nas ações penais que estão curso “não é algo automático”, devendo ser decidida por meio do recurso “exceção de incompetência”. Moro não perdeu a oportunidade de criticar a defesa por exercer sua função que é defender seu cliente. Disse que não julgou o recurso em decorrência do “acúmulo de processos perante este Juízo e da própria sucessão de requerimentos probatórios das defesas na presente ação penal”.

Moro ainda afirmou que vai avaliar a questão da “exceção de incompetência”, dando mais tempo para que a defesa e a acusação se manifestem sobre o assunto. “Assim, as partes poderão formular todos os argumentos possíveis e a questão poderá ser examinada considerando a decisão e todos os elementos probatórios constantes na presente ação penal. Observo, contudo, que a reabertura da questão e dos prazos na exceção precisam aguardar, por todo evidente, a publicação do acórdão para melhor análise do julgado”, disse em seu despacho.