Nicarágua instala mesa de diálogo para resolver crise política
Após a onda de protestos violentos que assolam a Nicarágua, o governo propôs uma mesa de diálogo com a oposição a fim de buscar a paz. As conversações começam nesta quarta-feira (16), em Manágua, capital, com a presença do presidente Daniel Ortega.
Publicado 16/05/2018 16:49

As manifestações que começaram em abril na Nicarágua foram tomadas por setores violentos da direita nicaraguense, apoiados por parte da classe empresarial, da hierarquia da Igreja Católica, políticos de centro-direita e financiados pelos Estados Unidos e aliados externos.
Desde então, os manifestantes atearam fogo em diversos prédios públicos de várias cidades e até uma biblioteca pública foi destruída. Além disso, mais de 20 pessoas morreram nesta onda de manifestações violentas.
Tudo começou quando o presidente anunciou uma reforma previdenciária que aumentaria a taxa de contribuição do empresariado. Apesar de aumentar também – em menor escala – a contribuição dos trabalhadores, não foram estes que deram início aos protestos. O foco da primeira manifestação foi a Universidade Politécnica, famosa por ser frequentada por alunos de classe média e alta. De lá, as manifestações se intensificaram por Manágua e se alastraram país a fora, sempre com muitos episódios de violência.
Com o país à beira do caos, o presidente não titubeou em retroceder com a medida, atendendo assim o pedido dos manifestantes contrários à reforma. Porém, os protestos não cessaram e, para isso, Ortega convocou uma mesa de diálogo, a fim de estabelecer novamente a paz e a ordem.

O presidente Daniel Ortega e a vice-presidenta e esposa dele, Rosario Murillo partipam da mesa de diálogos
Nesta mesa de diálogos que será instalada nesta quarta, irão participar representantes do governo da Nicarágua, empresários, estudantes, sociedade civil organizada e o movimento camponês. Além de setores da Igreja que serão mediadores e testemunhas do processo.
Desde que os protestos se intensificaram, os dirigentes da extrema-direita nicaraguense têm denunciado à comunidade internacional uma suposta repressão desproporcional por parte da política da Nicarágua contra os manifestantes. Vale ressaltar que, logo após revogar a reforma, Ortega propôs a mesa de diálogo a fim de cessar as manifestações violentas.
A construção da mesa também não foi uma tarefa fácil. O governo insistiu por mais de 15 dias – sob protestos violentos – com a oposição para estabelecer o diálogo. Mas a proposta só se consolidou após a Igreja aceitar participar, depois de fazer quatro exigências.
O presidente aceitou as exigências da igreja e destacou sua “grande preocupação com o clima de medo instalado nas comunidades onde, para além das manifestações pacíficas que respeitamos de forma absoluta, se proliferam ações violentas devastadoras, que prejudicam a qualidade de vida do povo nicaraguense de todas as idades”.