Temer distorce dados de empregos para fazer propaganda do governo

A crise do emprego formal no Brasil é um dos principais impactos do golpe de 2016, que completou dois anos no sábado (12/5). Porém, em livreto com o balanço seu governo ilegítimo, o presidente Michel Temer (MDB) omitiu a queda de empregos com carteira assinada se comparados dados de maio de 2016 com março de 2018 do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

desemprego

De acordo com o Caged, em maio de 2016 o número de empregos com carteira assinada no Brasil era de 38.789.289. Já em março deste ano, o número caiu para 38.072.395. Ou seja, houve uma redução de 716.894 vagas com carteira assinada.

Na publicação "Avançamos – 2 anos de vitórias na vida de cada brasileiro" distribuída nesta terça-feira (15) pela Presidência à imprensa, o governo apresenta "ações e resultados de 2016 a 2018". Antes vice-presidente de Dilma Rousseff (PT), Temer assumiu a Presidência da República em 12 de maio de 2016 ao liderar a derrubada, à margem da lei, a presidenta legítima. Ele assumiu o cargo efetivamente em 31 de agosto daquele ano.

No trecho intitulado "Os empregos estão de volta", o governo cita que foram criados 56.151 novos postos de trabalho formais no país em março deste ano e que, no acumulado do ano, são 204.064 novos empregos formais. Os dados, porém, retratam apenas números deste ano – e não a totalidade do período da presidência de Temer.

Quanto ao trabalho escravo, o governo cita fiscalizações realizadas, mas ignora a polêmica criada quando as regras para a caracterização da irregularidade foram flexibilizadas no final de 2017
Se analisada a série histórica do índice, houve queda dos empregos com carteira assinada de maio de 2016 até junho de 2017. A partir daquele mês até março deste ano, houve um aumento das vagas, mas, ainda assim, não se atingiu o patamar de maio de 2016.

Na cartilha, o governo Temer também afirma que a população ocupada no trimestre de outubro a dezembro de 2017 cresceu em quase 1,8 milhões de pessoas se comparado com o mesmo trimestre de 2016. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mas o governo ignorou a alta da taxa de desemprego se comparados maio de 2016 e março de 2018. Quando assumiu, o índice ficou em 11,2% – equivalente a 11,4 milhões de pessoas. Em março deste ano, a taxa ficou em 13,1% – 13,7 milhões de pessoas.

Quanto ao trabalho escravo, o governo cita fiscalizações realizadas, mas ignora a polêmica criada quando as regras para a caracterização da irregularidade foram flexibilizadas no final de 2017. Diante das críticas, o governo recuou e endureceu novamente as normas.