França critica EUA, cada vez mais isolados na questão do Irã

Com a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, Trump tem ficado cada vez mais isolado no cenário internacional, sofrendo críticas mesmo daqueles que pareciam querer estabelecer alguma aproximação, como a França de Macron

Jean-Yves Le Drian

Com a visita de Macron aos Estados Unidos, apesar das diferenças de causas com Trump, parecia que a França pretendia se aproximar dos EUA; ainda mais somando-se o apoio de Macron ao ataque norte-americano contra a Síria em abril. Mas, quando se trata do acordo nuclear multilateral assinado com o Irã, os norte-americanos estão cada vez mais isolados na sua decisão de deixar o pacto. 

Após declarações do país norte-americano sobre sanções "mais fortes da história" contra o país persa, o ministro das relações exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou na quarta-feira (23) que a postura americana a respeito do Irã favorecerá os conservadores, ao invés dos moderados, e aumentará os riscos de conflito no Oriente Médio.

"Este conjunto de sanções que será organizado contra o Irã não favorecerá o diálogo, ao contrário, favorecerá a presença e a pujança dos conservadores no Irã, enfraquecerá o presidente Rohani, que queria negociar", declarou à rádio France Inter. "Esta postura pode colocar a região em um risco maior do que hoje", completou.

O governo dos Estados Unidos prometeu na segunda-feira (21) impor ao Irã as sanções "mais fortes da história", caso Teerã não ceda a uma lista de severas exigências para um "novo acordo" sobre seu programa nuclear, depois que Washington abandonou o texto de 2015.

Hassan Rouhani, presidente iraniano, respondeu na segunda-feira (21) que os Estados Unidos da América não podem tomar decisões pelo Irã e por outros "países independentes", apesar de, em alguns casos, "conseguirem avanços na sua agenda por via das pressões".

Esta retirada supõe o retorno de uma série de sanções americanas contra as empresas que trabalham com o Irã, sendo que muitas destas são europeias.

O ministro francês das Relações Exteriores repetiu seu temor de um "conflito regional" pela conjunção das crises na Síria e Irã. Ao ser questionado se existe um risco de guerra, respondeu: "Sim".