Intransigentes na defesa da Democracia

Em abril, fez dois anos que estamos vivendo sob o comando de um governo golpista. Temos um presidente ilegítimo que, aliado a um Judiciário conivente e uma maioria de congressistas corruptos, afastou do governo uma presidenta eleita democraticamente e para colocar em prática um projeto político que nunca passou pelo crivo do voto popular.

caminhoneiros em greve

Instalado na cadeira da Presidência, a primeira medida que Temer tomou foi aprovar o congelamento dos investimentos em saúde, educação e nos programas sociais por 20 anos. Depois disso, vieram a entrega do pré-sal, a política de reajuste automático de preços do combustível, terceirização irrestrita, e uma reforma trabalhista cruel, que só gerou aumento do desemprego e da miséria, além da tentativa de impor uma reforma previdenciária nociva para o povo. Não à toa, o Brasil retornou ao mapa da fome. O retrocesso está instalado, mas ele pode se aprofundar ainda mais se não estivermos vigilantes.

Há uma semana, o país está parado com a greve de caminhoneiros. Há desabastecimento de mercadorias e falta de combustível para automóveis, ônibus e aviões na maioria das cidades do país. Sobre isso, temos ouvido muitos questionamentos dizendo que a política para a Petrobras aplicada durante os governos Lula e Dilma “não era boa”, que ela “quebrou a empresa”, entre outros absurdos. A pergunta que fica é: não era boa para quem?

Hoje, nós estamos vendendo o petróleo a preço de banana para grandes empresas estrangeiras. Depois, o governo compra o nosso óleo refinado em outro país a um preço absurdamente alto. Ou seja, nós voltamos a exportar matéria prima para importar combustíveis e é por isso que as coisas estão desse jeito. É essa a política “boa” que serve ao povo?

Estamos caminhando para uma situação de agravamento da crise econômica e política. Portanto, é urgente ficarmos atentos para que esta situação não se torne pretexto para que aproveitadores e aventureiros ataquem ainda mais a nossa democracia.

Como parlamentar e, sobretudo, como cidadã, é nosso dever exigir mudança na política de reajuste dos preços dos combustíveis com a imediata demissão de Pedro Parente do comando da Petrobras; é nosso dever exigir mudanças nesta política econômica antinacional, racista e machista, sob o risco de termos um retrocesso social ainda maior.

A greve dos caminhoneiros está reforçando a sua legitimidade como movimento de trabalhadores, os quais apoiamos sempre! Porém, a pauta de reivindicações apresentada, até o momento, não resolve os problemas que o país enfrenta. Não podemos perder de vista que a solução para o problema da alta do combustível só vai se dar com a volta da soberania do país em relação à administração da Petrobras. Esse é o ponto. Igualmente, devemos ficar atentos para a garantia de eleições livres e democráticas neste ano.

Aos que vêm apontando a intervenção militar como saída, peço que olhemos para a nossa história de 21 anos de ditadura, da recente intervenção no Rio de Janeiro e para a militarização cotidiana das periferias. O autoritarismo nunca deixou de existir para a população indígena, negra e pobre. E isso não trouxe benefícios para a nossa gente, pelo contrário, só acentuou a desigualdade social e racial no Brasil.

Então, sejamos intransigentes na defesa da Democracia e da nossa Cidadania. A partir de 30 de maio, os petroleiros entrarão em greve por 3 dias para denunciar e reivindicar tais mudanças na política de preços da Petrobras, iniciativa que conta com o nosso total apoio. Desejo profundamente que, nas próximas eleições, os brasileiros retomem as rédeas das decisões sobre o nosso futuro.