Dilma: “O processo do golpe é um fracasso político”

Em entrevista ao Brasil de Fato, publicada nesta terça-feira (12), a presidenta eleita Dilma Rousseff afirmou que o golpe, inaugurado com o impeachment, "é um fracasso político", pois não conseguiu emplacar uma única liderança. "Ela se auto destruiu. De uma certa forma, é um processo autofágico", afirmou

Dilma Rousseff no lançamento da Enciclopédia do Golpe vol. II – O Papel da Mídia”, produzido pelo Instituto Declatra. Porto Alegre junho de 2018 - Guilherme Santos

"O impeachment é uma derrota aos movimentos. Não é só a minha retirada. É a retirada de uma política e de uma pauta no Brasil. Mas esse impeachment fracassou. O processo do golpe que inicia com o impeachment é um fracasso político, expresso no fato de que não existe uma única liderança golpista viável hoje", declarou.

Segundo ela, o PSDB e o PMDB, que encabeçaram o golpe, "ruíram e agora não têm candidato", deixando uma "caixa preta" no lugar, se referindo ao grau de imprevisibilidade na definição dos candidatos para o campo da direita.

"Cada país tem seus monstros, e o nosso monstro é o neoliberalismo, a financeirização e a escravidão, que instituiu uma forma de controle social violenta e o privilégio junto com a exclusão", destacou a presidenta.

Na entrevista concedida aos jornalistas Nina Fidelis e Leonardo Fernandes, a presidenta Dilma destacou o papel dos movimentos populares nas eleições que, segundo ela, "terão ainda mais importância" em outubro de 2018.

"Nós não tínhamos uma ameaça aberta à democracia. Nem tampouco tínhamos um conflito tão acirrado como o que temos hoje. Quando se tem um conflito acirrado, não podemos permitir que isso se transforme em um alimento da direita e do fascismo, porque as pessoas no Brasil estão perdendo a esperança. Nós somos os que temos que dizer: não, a esperança resiste! E a esperança significa apostar no Brasil, numa radicalização democrática", enfatizou.

Para ela, um dos temas centrais para garantir isso é a democratização da mídia. "A questão da democratização da mídia faz parte da radicalização da democracia, que não é simplesmente o acesso a meios diversos e plurais, é também combater a oligopolização, o cartel de mídia que existe no Brasil", defendeu Dilma.

A renda e a geração de emprego é o segundo ponto apontando por Dilma como central. "A desigualdade no Brasil não pode ser vista só a partir de uma distribuição de renda. Ela foi e continuará sendo fundamental. Mas é preciso também dar conta de distribuição de riqueza. Na próxima etapa do Brasil, vamos ter que falar da distribuição da riqueza. E isso é agora, nessa eleição", frisou.

Dilma também disse que a questão previdenciária também precisa ser repensado, . "É necessário que haja um sistema previdenciário que dê uma vida digna para as pessoas que trabalharam duramente e chegaram à idade de não poder mais trabalhar", disse.