PSDB quer rifar Alckmin, mas usa “centrão” como bucha de canhão

Na sua estratégia de demonstrar independência, o presidente da Câmara e presidenciável do DEM, Rodrigo Maia (RJ) não poupa críticas ao seus tradicional aliado, o PSDB. Nesta quinta-feira (28), Maia disse que os próprios tucanos querem rifar a pré-candidatura de Geraldo Alckmin e colocar o João Dória no lugar.

Encontro de Temer Aécio e Maia

A afirmação foi para dizer que não é o chamado "centrão", grupo do qual o DEM faz parte, que pressiona contra Alckmin. Segundo Maia, a pressão pela substituição por João Doria vem de tucanos "sem coragem" para "enfrentar esse problema".

"Todos os presidentes de partidos [do centrão] afirmaram que não vão interferir na decisão do PSDB. O PSDB precisa escolher o seu candidato. E escolhido [o candidato] – que já está – tentar organizar a sua aliança para mostrar maiores chance de vitória", afirmou Maia.

Em entrevista ao Estadão, o ministro Moreira Franco disse que a reunião de Temer com Maia e o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG), na semana passada, foi para tratar sobre alianças nas eleições. Enigmático, Moreira Franco disse que o calendário tem pressionado a uma movimentação.

"Eles dois convidaram. Mas o fato, em política, ele se impõe. Se tiver um fato concreto, a gente conversa, não vamos conversar com base em hipóteses. Nós temos nosso problema encaminhado, mas se vocês vierem com alguma coisa, resolvam aí primeiro", disse Moreira.

Questionado se estava falando do PSDB, Moreira tentou desconversar. "Não sei. Quem detém poderes sobre essa ideia não somos nós. Como é que a gente vai tirar o nosso sem ter algo encaminhado?", afirmou.

Maia, por sua vez, disse que a pressão para Alckmin ceder "talvez esteja sendo estimulado por próprios filiados do PSDB que não têm a coragem de sentar na mesa e enfrentar esse problema".

No mesmo tom que Moreira Franco, Maia enfatizou que "esse problema não é de nenhum outro partido". "Se ele existe, é um problema do PSDB", disse.

A declaração de Maia foi feita no lançamento da pré-candidatura do apresentador José Luiz Datena pelo DEM ao Senado por São Paulo, na chapa do tucano João Doria, pré-candidato ao governo paulista.

A articulação da pré-candidatura de Datena, que reforçará a campanha de Doria, foi vista por alguns setores do ninho tucano como uma articulação do "centrão" para enfraquecer Alckmin, que está estacionado em 4% e 6% das intenções de voto nas pesquisas.

Demonstrando que o clima é de poucos amigos, Maia criticou uma sondagem feita pelo PSDB para simular o cenário eleitoral de uma chapa Alckmin/Datena.

"Só pode testar nome e colocar isso na imprensa com autorização do partido que [Datena] está filiado [DEM]. As decisões não são pessoais, são políticas, e quem quer tomar decisão pessoal já começa errando", afirmou.