"Não vão conseguir aprisionar o desejo das pessoas", diz Haddad
Fernando Haddad, candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva e seu porta-voz, esteve nesta terça-feira (21), em Salvador, na Bahia, onde concedeu entrevista coletiva aos veículos de imprensa local. Ele comentou os resultados da pesquisas de intenção de votos que colocam Lula na liderança.
Publicado 21/08/2018 12:58
Segundo Haddad, as pesquisas têm revelado que não adianta prender o Lula porque "ele é uma ideia". "Não se consegue aprisionar um projeto. A gente sabe o que é o Brasil do Lula. Por que as pessoas vão abrir mão disso?", indagou o ex-prefeito de São Paulo.
Haddad lembrou que no discurso feito em abril, pouco antes de ser preso, Lula advertiu que a tática da direita de prendê-lo não conseguiria atingir o objetivo porque "não vão conseguir aprisionar o desejo das pessoas". Para ele, a liderança de Lula na pesquisas é uma demonstração disso.
"Nós temos um candidato que expressa mais do que ninguém o sonho, o desejo e o ideal que nós apresentamos nas eleições. O Lula encarna um projeto, uma visão de país, um plano de governo que representa um resgate desse país", enfatizou.
Duas pesquisas divulgadas nesta segunda-feira (20), apontam que o ex-presidente desponta na liderança da corrida presidencial. Pesquisa CNT/MDA, Lula aparece com 37,3%, e a pesquisa Ibope ele também está com 37% das intenções.
Questionado pelos jornalistas sobre uma possível decisão do Tribunal Superior Eleitoral que declare a inelegibilidade do ex-presidente, Haddad afirmou que a equipe de campanha não trabalha com essa possibilidade.
"Lula está pedindo o seu registro e não o voto para um terceiro. Eu figuro na sua chapa como vice com muita honra, para levar a sua voz ao país todo", reafirmou o vice.
Sobre a preferência do eleitorado a Lula, Haddad destacou que é resultado do "que foi feito pelo Nordeste", ma lembrou que os governos Lula geraram resultados em todo o país.
"Me perguntaram se eu conhecia o Nordeste. Toda equipe do presidente Lula viajava o país inteiro entregando escola, creche, universidade, escola técnica e hospital. O meu estado também mudou com a passagem do governo Lula. Não existia um parque federal de universidades técnicas em São Paulo porque a elite de São Paulo não queria. Mas o estudantes queriam. Resolvemos essa contradição com investimentos ainda embrionários que não existiam no passado", afirmou.
"Precisamos retomar os projetos. Retomar a iniciativa de investir. Acabar com esse teto de gastos para voltar a ter investimento público no país. Do jeito que estamos, vamos zerar investimento público federal, sobretudo. Não teremos mais recursos para nada. Ai não gera emprego, não retoma a economia e não resolve o déficit público também", acrescentou.
Registro de Lula
Após a manifestação do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acatou o pedido liminar da defesa do ex-presidente para que ele possa exercer os direitos políticos como candidato, a equipe de Lula atua para assegurar na Justiça o direito de Lula como candidato à Presidência, nas eleições deste ano.
Para a ONU, ele não deve ser impedido de concorrer até que todos os recursos sejam julgados em todas as instâncias da Justiça. De acordo com a liminar, Lula deveria ter acesso à imprensa e membros do seu partido como todo candidato.
Haddad disse que está otimista com a decisão e espera que o Estado brasileiro cumpra com a determinação da ONU. “O presidente está muito animado com essa decisão e considera muito importante a participação da ONU em nossos assuntos internos, com a concordância do Brasil, que internalizou a convenção que torna a ONU autoridade no âmbito nacional”, disse Haddad em entrevista após visita a Lula, nesta segunda-feiram (20).
“Nossa ofensiva internacional vai aumentar a partir disso, não só com organismos internacionais, mas também com autoridades internacionais”, completou.
A presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, disse que o partido ainda pretende utilizar a posição da ONU para reivindicar a participação de Haddad nos debates da campanha presidencial. A grande mídia tem se esforçado em tentar tirar Lula da campanha, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto.
“A democracia do Brasil está sendo observada no mundo. Não podemos deixar, de maneira nenhuma, que essa democracia seja ferida de morte. Então, nossa disposição, do Haddad, do PT, da chapa de Lula, é lutar para que a determinação da ONU seja cumprida”, afirmou Gleisi.
“Não é pouca coisa o que a ONU decidiu e determinou ao Brasil: garantir a candidatura do presidente Lula e que faça todos os atos relativos à sua campanha eleitoral”, acrescentou.
O advogado de defesa do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que a manifestação feita pela ONU tem caráter obrigatório, pois o Brasil é signatário do tratado que criou o comitê e que admite o órgão como tendo jurisdição sobre os países que fazem parte do acordo. “Uma liminar desse órgão internacional tem que ser cumprida”, disse.