Vice de Bolsonaro, Mourão fala em "autogolpe" e elogia torturador

O candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro defendeu a possibilidade de que em caso de "anarquia" o presidente da República poderá fazer um "autogolpe" com o apoio das Forças Armadas.

General Mourão
"O próprio presidente é o comandante-chefe das Forças Armadas, ele pode decidir isso. Ele pode decidir empregar as Forças Armadas. Aí você pode dizer: "mas isso é um autogolpe", disse Mourão em entrevista à Globonews nesta sexta-feira (7). O militar também elogiou o coronel Brilhante Ustra, já falecido e apontado como torturador durante a ditadura militar, ao dizer que ele foi um "herói".

Entrevistado pelo programa Central das Eleições, Mourão disse que uma declaração anterior, feita no ano passado, sobre as Forças Armadas "imporem uma solução" caso os poderes instituídos perdessem o controle, ele diz ter sido mal interpretado. Segundo ele, a declaração foi uma resposta "a uma pergunta hipotética numa palestra na loja maçônica lá em Brasília, realizada em setembro do ano passado. O perguntador, até meio que se enrolou, invocou o artigo 142, eu também não estava bem preparado para responder à pergunta naquele momento. Já era o último lance do debate. Mas ficou aquela ideia de que eu estava pregando um golpe militar. Essa foi a ideia que foi passada. E eu, em nenhum momento, preguei golpe militar".

Agora, ao falar em "autogolpe', Mourão também disse que esta é uma situação hipotética e que neste momento não existe uma situação de anarquia. "Temos tido turbulências, temos tido momentos aí que as coisas ficaram meio complicadas, mas não estamos chegando…", ressaltou o militar. "Eu respondi a uma hipótese, trabalhamos em cima de uma hipótese e eu tenho dito em todas as vezes, já me perguntaram esse assunto várias vezes, que era uma hipótese", completou.

Mais à frente, Mourão disse que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, falecido em 2015 e que foi o primeiro militar oficialmente reconhecido como torturador durante a ditadura militar chefiou o órgão de repressão política da ditadura (DOI-Codi) – foi "um herói" por ter matado militantes contrários ao regime militar.

"Meus heróis não morreram de overdose, e Carlos Alberto Brilhante Ustra foi meu comandante quando era tenente em São Leopoldo. Um homem de coragem, um homem de determinação e que me ensinou muita coisa. Tem gente que gosta de Carlos Marighella, um assassino, terrorista. Houve uma guerra ]no regime militar]. Excessos foram cometidos? Excessos foram cometidos. Heróis matam", afirmou.