Iniciada a campanha, a frente principal da luta é a política de massa
“A guerra é por demais importante para ser dirigida por militares”, já disse o famoso estadista francês George Clemenceau. Deve comandá-la um político de visão ampla, acrescentava. Fazendo um paralelo, podemos dizer que a frente jurídica tem uma enorme importância na luta pelo poder, mas essa luta não pode ser dirigida por juristas e sim por políticos experientes.
Por Haroldo Lima
Publicado 11/09/2018 08:49
A campanha eleitoral de 2018 no Brasil tem inúmeras anormalidades e irregularidades. O Judiciário, partícipe do golpe de 2016, terminou avocando a si o comando do processo golpista. Seus juízes, com as exceções de praxe, assumiram a batalha jurídico-política de impedir que retorne ao Governo o político que a maioria do povo quer, Lula. Levaram-no à cadeia, a partir de uma sentença canhestra, onde seu “crime” é tipificado como “ato de ofício indeterminado”. Por isso, embora as batalhas jurídicas devam ser travadas com denodo, não podem postergar o desenvolvimento pleno da campanha política.
Como será diminuto o tempo dessa campanha, as forças progressistas que se aglutinam em torno de Lula, Haddad e Manuela tem pressa para impulsionar, a partir de hoje, as jornadas populares dessa campanha, porque hoje, o ex-presidente Lula, vítima de arbítrios vários e líder inconteste da bandeira da redenção de nosso povo, passa o comando das jornadas que se seguem para uma chapa de alto nível, formada por Fernando Haddad, do PT, e Manuela D’Ávila, do PCdoB.
Olhando para a frente, vemos que, apesar de tudo, as perspectivas são boas. Haddad e Manuela têm condições de despertar no povo a esperança que esse próprio povo deposita em Lula e assim atrair para suas posições programáticas a maioria que sustentará uma vitória memorável.
Cuidados devem ser tomados
Urge pôr a política no posto de comando. Haddad e Manuela devem se embandeirar da ideia de restaurar a democracia no país, legitimando o poder político para, a partir daí, empreender a retomada do desenvolvimento do país, com a dinamização das atividades econômicas, a abertura acelerada de postos de trabalho, a defesa dos direitos sociais e dos serviços públicos, a mobilização das riquezas nacionais, a criação de um ambiente seguro e distensionado junto à população, o aprofundamento das relações internacionais e a busca de um congraçamento na América no Sul.
Soltos e desimpedidos, Haddad e Manuela devem liberar a força da juventude que têm, já testada em lutas gloriosas, e das ideias que defendem para irem ao encontro do país, através dos programas de televisão, debates, entrevistas, caminhadas, comícios, acompanhados de nossos líderes e candidatos a cargos eletivos nos diversos estados.
No momento em que se divulgam ideias obscurantistas, de cunho fascista, que enaltecem a violência e a exarcebação dos ânimos, misóginas, racistas e discriminatórias, faz-se necessário criticá-las com nitidez, desmontá-las em seus fundamentos, situá-las como desagregadoras da Pátria, alheias ao sentimento de nosso povo.
Todo esforço deve ser feito para não ampliar as forças adversárias, mas ao contrário, dividi-las, atrair os indecisos, os vacilantes, os que estão revendo posições, puxar tudo para o nosso lado. Muito menos devemos repelir os que estão conosco, os aliados, mesmo com algumas divergências.
Os setores militares devem ser tratados com justeza e habilidade. Após a promulgação da nova Constituição de 1988, as Forças Armadas concentraram-se basicamente em seus afazeres legais, cuidando da defesa nacional e, quando convocadas pelos poderes constituídos, tratando de preservar a “lei e a ordem”. Os antigos “pronunciamentos” dos chefes militares, ameaçadores, comuns no período anterior a 1964, e que tanto fomentaram o golpe que ali foi dado, deixaram de existir. De tal sorte isso aconteceu que nosso povo, quando consultado, revela pelas Forças Armadas respeito e consideração.
É engano imaginar que esses segmentos estão do lado do “capitão”, podendo isto acontecer também. Mas devemos ter cuidado para não fazermos formulações precipitadas, injustas, para não criarmos nesses setores animosidades absolutamente desnecessárias a nossos pleitos.
Para nós, agora, uma outra fase dessa campanha eleitoral se desenvolverá. Com Lula na retaguarda, Haddad e Manuela na linha de frente, nós todos, juntos, mobilizemo-nos para acabar com esse governo ilegítimo e passarmos à reconstrução soberana da Pátria.
Todo o sofrimento que nosso povo tem passado, desemprego, serviços deteriorados, estagnação econômica, desprestígio internacional, ódio disseminado na sociedade, tudo isto mostra que a direita no Governo tem sido um descalabro, e que as forças progressistas do país, inclusive corrigindo erros e debilidades que tiveram em passado próximo, dispõem-se a comprovar que o Brasil pode voltar a ser feliz.