Ana Paula Braga: Mulher e a política na dinâmica do poder

“Empoderar-se é necessário a fim de perceber que temos uma dívida histórica e faz-se imperativo participarmos deste processo democrático e, assim, buscarmos o equilíbrio entre o masculino e feminino, numa sociedade marcada pela desigualdade. Afinal, o poder está em nossas mãos!”

Por Ana Paula Braga*

mulheres

Predomina em nossa sociedade a dinâmica implacável da desigualdade. E podemos destacar no Brasil uma lógica de relação de poder marcado pelo patriarcado, processo esse que relegou a mulher a um plano de submissão, depreciando sua capacidade criadora de propor mudanças na dinâmica na qual sempre esteve inserida.

Na atualidade muitos arquétipos vêm sendo rompidos e a mulher passa a um contexto onde procura vivenciar sua autonomia e se empoderar, ao longo dos anos o fortalecimento da presença feminina nas eleições tem sido um intenso deslocar-se, de acordo com a Justiça Eleitoral. Nesta eleição 52% do eleitorado é constituído por mulheres e representam 77.076.395 contabilizadas até fevereiro deste ano.

Nem sempre foi assim, somente em 1932 a mulher conquista o direito do voto e por volta dos anos 70, com o avanço do feminismo e a luta pela democratização no País, com a constituição de 1988 as mulheres ampliam seus direitos, em especial na política. Outro ponto é a lei 9.504/1997 que estabelece as conhecidas cotas de gênero, mas que na prática ainda estão longe de acontecer diante do desafio das "candidaturas laranjas".

No intuito de fortalecer a participação das mulheres, o TSE determinou que para a eleição de 2018 os partidos deverão reservar pelo menos 30% do fundo de financiamento de campanha e 30% para o tempo de propaganda eleitoral para as candidaturas femininas.

É preciso refletir a construção histórica e entender que o processo eleitoral apresenta mais uma página de um tímido avanço nas relações de poder de voto na nossa sociedade, porém, precisamos estar atentas às propostas dos candidatos, sejam de mulheres ou homens. Uma vez que representamos 52% do eleitorado, é momento de aprofundar discussões de desnaturalização da violência contra mulher, saúde da mulher, participação na política, questões salariais e tantos pontos que historicamente reforçam a distância entre mulheres e homens.

Empoderar-se é necessário a fim de perceber que temos uma dívida histórica e faz-se imperativo participarmos deste processo democrático e, assim, buscarmos o equilíbrio entre o masculino e feminino, numa sociedade marcada pela desigualdade. Afinal, o poder está em nossas mãos!


*Ana Paula Braga é mestranda em Antropologia.

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