Mandela é homenageado na ONU
A Assembleia Geral das Nações Unidas homenageou na segunda-feira (24) Nelson Mandela com a promessa de construir um mundo justo, pacífico e próspero, bem como reviver os valores pelos quais o ex-presidente sul-africano e ativista anti-apartheid se posicionou
Publicado 27/09/2018 15:25
Na Cúpula da Paz de Nelson Mandela, realizada em Nova York, os Estados-membros adotaram a primeira resolução da 73ª sessão da Assembleia Geral, “comprometendo-se a demonstrar respeito mútuo, tolerância, compreensão e reconciliação em suas relações”.
“Resolvemos ir além das palavras na promoção de sociedades pacíficas, justas, inclusivas e não discriminatórias, ressaltando a importância da participação igualitária e do pleno envolvimento das mulheres e da participação significativa da juventude em todos os esforços para a manutenção e promoção da paz e da segurança”, afirma a resolução.
Os Estados-membros, muitos deles representados pelos seus chefes de Estado e de Governo, também reiteraram a importância da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e afirmaram que continuam empenhados em alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões – econômica, social e ambiental – de forma equilibrada e integrada.
“O desenvolvimento sustentável não pode ser realizado sem paz e segurança, e a paz e a segurança estarão em risco sem desenvolvimento sustentável. Reafirmamos nossa promessa de que ninguém será deixado para trás”, afirmou o documento.
Graça Machel, ativista de direitos humanos e viúva de Nelson Mandela, afirmou à ONU News que sua vida e obra é um lembrete sobre as razões que levaram à constituição das próprias Nações Unidas.
“Prevenir conflitos, resolver e acabar com conflitos. E ele [Mandela] representa o exemplo de como isso se pode fazer, mesmo nas condições mais difíceis. Ser capaz de reconhecer a necessidade de negociar, e negociar em boa fé. Aceitar a reconciliação, para que se possa construir uma nação unida. Esse é o significado desse dia para mim”, disse Machel.
Dirigindo-se à Cúpula, o secretário-geral da ONU, António Guterres, falou sobre a crescente pressão contra os direitos humanos em todo o mundo e pediu a todos que se inspirem na sabedoria, coragem e firmeza de Nelson Mandela para enfrentar os desafios.
“Essa é a única maneira de construir o mundo justo, pacífico e próspero previsto na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, disse Guterres. “Madiba era um cidadão global cujo legado deve continuar nos guiando”, acrescentou.
A Cúpula da Paz coincide com o ano do centenário do nascimento de Mandela.
Inauguração da estátua de Nelson Mandela
No início do dia, uma estátua de Nelson Mandela foi inaugurada na sede da ONU por Guterres, com a presença de Matamela Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, e María Fernanda Espinosa, presidente da atual sessão da Assembleia Geral.
Presenteada pela África do Sul para a ONU, a estátua em tamanho natural mostra Madiba com os braços estendidos e um sorriso largo e caloroso.
No evento, Guterres destacou a humildade de Mandela como um marco de sua grandeza.
“Quando alcançou o ápice do poder como presidente de seu amado país, Madiba deu um exemplo que ainda ressoa pela África e pelo mundo – ele deixou o cargo depois de um mandato, confiante na durabilidade da recém-descoberta democracia sul-africana. Ele não perseguiu o poder pelo poder, mas simplesmente como um meio de serviço”, disse o chefe da ONU.
Também falando na inauguração, Espinosa relembrou o primeiro discurso histórico de Mandela na ONU, em 1994, no qual ele falou sobre a interdependência de todas as nações. Ela perguntou o que os líderes podem e devem fazer para garantir que democracia, paz e prosperidade prevaleçam em toda a parte.
“É minha esperança que a colocação desta estátua – dentro dos limites físicos do território da ONU – sirva de inspiração e lembrete a todos os Estados-membros”, acrescentou a presidente da Assembleia.
“Um lembrete de que nossas diferenças devem ser comemoradas; que nosso trabalho é total e sem reservas para as pessoas a quem servimos; e que nossos esforços, em qualquer forma que tomem, devem sempre ser guiados pela inspiração e pela promessa que Mandela nos deixou.”