Diretor da OIT critica Bolsonaro e embaixadora brasileira reclama
Rafael Diez de Medina, chefe de Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) saiu em defesa do IBGE, após o presidente eleito Jair Bolsonaro ter chamado de “farsa” a metodologia do instituto para calcularo desemprego no País. Nas redes sociais, ele se mostrou "extremamente preocupado sobre o futuro das estatísticas oficiais no Brasil". Não tardou, contudo, à embaixadora do Brasil em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, reclamar, fazendo com que os tuítes fossem retirados do ar.
Publicado 08/11/2018 19:49

“A OIT [agência da ONU] apoia fortemente a metodologia seguida pelo IBGE para estimar o emprego e o desemprego, seguindo padrões internacionais”, afirmou nas redes sociais Rafael Diez de Medina. Em uma outra mensagem, ele avisou: "O sistema internacional de estatísticas estará em alerta e pronto para reagir a esses tipos de reações na 'Era Pós Verdade", criticou.
Na segunda-feira (5), em entrevista à Band, Bolsonaro disse que pretende mudar a forma como se calcula oficialmente o número de desempregados. "Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil. O que está aí é uma farsa", afirmou.
De acordo com Valor Econômico, logo após as manifestações de Medina, a embaixadora do Brasil junto às organizações internacionais em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, protestou junto ao diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, contra as críticas às declarações de Bolsonaro.
Para ela, não cabia nem a um funcionário nem à organização fazer esse tipo de comentários sobre o Brasil. ''O Brasil não aceita e não vê com bons olhos comportamento desse tipo'', afirmou a embaixada, insistindo que se tratava de ativismo político e não trabalho técnico que cabe à OIT.
De acordo com o Valor, o diretor-geral da OIT se desculpou, instruiu a retirada imediata do tuíte e mandou contatar Rafael Diez de Medina para questioná-lo.
"O nome da embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo tem sido mencionado como uma opção de Bolsonaro para ser ministro das Relações Exteriores, conforme diferentes artigos publicados nos últimos dias", informa o Valor.