Maduro diz que Venezuela 'não terá Bolsonaro' e faz desafio a Mourão

'Aqui será o povo e o chavismo por muito tempo. Bolsonaro aqui não teremos nunca, porque nós construímos a força popular', afirmou

Nicolas Maduro - divulgação

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na noite desta quinta-feira (20/12), durante discurso em Caracas, que o país “não terá um Bolsonaro”, em referência ao presidente eleito do Brasil. Maduro também desafiou o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, para que tentasse uma invasão ao país.

"A Venezuela não é o Brasil. Aqui não vai ter um Bolsonaro. Aqui será o povo e o chavismo por muito tempo. Bolsonaro aqui não teremos nunca, porque nós construímos a força popular", disse.

Maduro também desafiou Mourão, que, no começo do mês, afirmou ao jornal Valor Econômico que, em algum momento, “haverá um golpe na Venezuela”. Se isso acontecesse, prosseguiu, haveria uma “intervenção das Nações Unidas na Venezuela por meio de uma força de paz”. O Brasil, disse o vice-presidente eleito, lideraria essa força.

“Aqui te espero, com vários milhões de homens e mulheres, e com uma FANB [Força Armada Nacional Bolivariana] disposta a defender a Constituição, a independência e a Revolução. Aqui te espero, Mourão”, afirmou o presidente venezuelano. “Confio na moral, no compromisso, no espírito e no caráter das forças militares venezuelanas.”

“Há que se fortalecer a união cívico-militar e estar preparado para responder a tempo, contundentemente, qualquer tentativa de traição golpista que possa haver no transcurso das próximas semanas e meses. Estou preparado para tudo e quero que o povo e Força Armada Nacional Bolivariana estejam preparados para vencer, para garantir a paz de nosso país”, afirmou.

Maduro também pediu que a população vá às ruas para defender o governo, caso aconteça “algo grave”. “Se algum dia ocorrerem feitos graves e vocês virem o perigo de que o presidente Maduro tenha sido sequestrado ou que tenham feito algo contra ele, desde já, lhes digo, unam-se e vão às ruas. Retomem o poder e façam uma Revolução mais radical, socialista e mais chavista a partir deste momento”.

Plano de assassinato

No último dia 12 de dezembro, Maduro já havia denunciado, em declaração no palácio do governo, que o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, tem um plano para assassiná-lo e impor uma ditadura no país.

“Venho denunciar a conspiração que a Casa Branca prepara para violar a democracia venezuelana, para me assassinar e para impor um governo ditatorial na Venezuela”, afirmou.

Maduro também sustentou que o presidente colombiano, Ivan Duque, é cúmplice do plano norte-americano. Disse ainda que “734 mercenários paramilitares entre venezuelanos e colombianos estavam sendo treinados no município de Santander, Colômbia, para preparar uma ação falso-positiva contra a Venezuela, usando roupas militares das Forças Armadas nacionais”.

Entre as bases que estariam treinando mercenários para atacar a Venezuela estão a Base Aérea Eglin, na Flórida, e a Base Aérea de Tolemaida, na Colômbia. Os objetivos seriam as bases de Palo Negro, Puerto Cabello e Barcelona, na Venezuela.

“O senhor John Bolton foi encarregado, mais uma vez, como chefe de um plano para encher a Venezuela de violência e para buscar uma intervenção militar estrangeira”, disse Maduro.

O líder bolivariano ainda classificou de “louco”, já naquela ocasião, o general Hamilton Mourão, por conta da entrevista na qual o vice de Bolsonaro sugere a possibilidade de uma intervenção da ONU em caso de uma “guerra civil violenta”.

O presidente da Venezuela afirmou ainda que ninguém no Brasil deseja uma aventura militar contra o povo de seu país, mas alertou que o povo venezuelano está preparado para defender sua pátria e sua gente.

Maduro fez essas denúncias dias após bombardeiros russos aterrissarem na Venezuela para realizarem exercícios militares, o que desencadeou uma discussão acalorada entre Washington e Moscou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no ano passado que uma “opção militar” estava sobre a mesa com relação à Venezuela, coadunando com as denúncias recentes de Nicolás Maduro.

John Bolton é um notável rival dos governos progressistas na América Latina e anunciou que tem como objetivo combater Cuba, Nicarágua e a Venezuela.

Fonte: Opera Mundi e revista Opera