Venezuela: prisão de opositor foi armada para desestabilizar governo

Neste domingo, o presidente do Parlamento venezuelano – de maioria opositora -, Juan Guaidó, ficou algumas horas detido pelo Serviço de Inteligência da Venezuela. O episódio foi prontamente condenado por vários países, mas após averiguação constatou-se que foi uma "falsa operação" orquestrada em sintonia com meios de comunicação estrangeiros para desestabilizar o governo Maduro.

Juan Guaidó

O novo líder da oposição venezuelana, deputado Juan Guaidó, apareceu detido por homens encapuzados em um vídeo divulgado na internet neste domingo (13). As imagens mostram que o carro dele teria sido interceptado por um grupo armado na Autopista de Caracas, identificado com uniformes das forças de seguranças do Estado. A hipótese de uma operação oficial foi desmentida horas depois por interlocutores do governo Maduro, segundo o qual não houve qualquer medida contra o opositor.

Guaidó lidera a Assembleia Nacional da Venezuela e, na última sexta-feira (11), se autodeclarou presidente interino do país.

O governo venezuelano afirma que destituiu os funcionários do serviço de inteligência que participaram da ação irregular e unilateral. O próximo passo, segundo interlocutores, é compreender o que motivou essa "falsa operação" e identificar quem estaria por trás do ocorrido.

Em sua conta oficial do Twitter, assessores e familiares denunciaram que o vídeo divulgado neste domingo se tratava de uma operação do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Alguns minutos depois, informaram que o deputado havia sido "liberado", sem maiores detalhes.

Questionamento

"Falsa operação", definiu o ministro da Comunicação da Venezuela, Jorge Rodriguez, que entende que a ação pode ter sido orquestrada em sintonia com meios de comunicação estrangeiros, para desestabilizar o governo Maduro. "É muita coincidência que no mesmo momento que surgiu essa situação, jornalistas da Colômbia e meios dos EUA foram para frente da sede da Sebin para reportar informação", observou.

Nesta segunda-feira (14), durante longo pronunciamento no qual apontou novas perspectivas para o país, o presidente Nicolás Maduro reforçou as suspeitas de que a prisão foi uma farsa com o obejtivo de desestabilizar seu governo. 

Maduro tachou de "show midiático" a breve detenção do líder oposicionista e atribuiu a uma confabulação entre opositores e agentes de Inteligência corruptos para atacar o governo. 

Em seu discurso, Maduro disse "ter povo, Força Armada e Constituinte" para enfrentar as "tempestades", e reiterou suas acusações contra a oposição e os governos "satélites" dos Estados Unidos que – asseverou – o apoiam em seu plano "golpista". Em particular, criticou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de "Hitler moderno".

Oposição

Juan Guaidó é deputado pelo partido Vontade Popular, um dos partidos mais radicais da direita venezuelana, envolvido nos atos violentos das chamadas "guarimbas", de 2017. Na ocasião, mais de 100 pessoas morreram.

Depois do ocorrido, na manhã de ontem, opositores convocaram protestos para o próximo dia 23 de janeiro e o deputado Guaidó foi levado diretamente a uma assembleia aberta de correligionários – que havia começado justamente no momento da suposta abordagem ao carro do parlamentar. 

Fonte: Brasil de Fato