Bolsonaristas querem dar o golpe do pijama no STF, alerta colunista

O colunista da Folha de S.Paulo Bruno Boghossian alertou que aliados de Bolsonaro planejam um novo “golpe do pijama” no Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia é aprovar uma mudança na Constituição para antecipar a idade de aposentadoria dos ministros de 75 para 70 anos. Isso possibilitaria que o presidente indicasse, de uma só vez, quatro integrantes para a corte.

STF - Reprodução da Internet

No texto da sua coluna, publicada na edição da Folha desta quarta (13), Boghossian diz que a artimanha dos aliados de Bolsonaro visa tirar da corte os ministros Celso Mello, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.

“Mudariam o equilíbrio do tribunal sem precisar chamar um cabo e soldado”, escreve o colunista, referindo-se ao episódio envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que em vídeo postado na rede social, afirmou que bastava um soldado e um cabo para fechar o STF.

O colunista afirmou que a manobra é mais do que oportunista. “Em 2015, o Congresso aprovou a PEC da Bengala, que aumentou a idade de aposentadoria no Judiciário para 75 anos – uma malandragem para impedir Dilma Rousseff de fazer novas indicações para o STF. Bolsonaro votou a favor da proposta”, lembrou.

Bruno Boghossian ainda destacou uma entrevista de Bolsonaro ao SBT festejando a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Na ocasião, ele disse que não faria “gestões para revogar” a medida. “Ele deveria passar essa orientação a seus seguidores”, diz o colunista.

A coluna ainda revela que Bolsonaristas estão colhendo assinaturas de apoio ao projeto. Em discurso na terça (12), a deputada Bia Kicis (PSL), que faz campanha na Casa para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), disse que a proposta atende ao “clamor das redes sociais”.

“Ela quer presidir a CCJ, mas começa mal ao tentar torcer a legislação para favorecer seu grupo político”, criticou.

Por fim, Boghossian diz que o novo Congresso decidiu enfrentar o Judiciário, mas flerta com uma crise que pode pulverizar a relação entre as instituições. “A popularidade do STF está no buraco, mas um expurgo seria injustificável. Mudar a regra do jogo quando for conveniente é só um truque barato para atropelar desafetos e concentrar poder”, conclui.