Balcão de negócios ameaça a aposentadoria dos brasileiros

Em texto publicado no seu blog nesta quinta (21), o jornalista Bernardo Mello Franco, joga luz nos bastidores de uma provável negociação que se avizinha na Câmara dos Deputados para aprovar a PEC da Reforma da Previdência, que foi entregue pessoalmente por Bolsonaro ao Congresso na quarta (20).  

Bolsonaro e Guedes

Apesar do discurso de Bolsonaro contrário ao “toma lá, dá cá”, o centrão já fala em cota de até R$ 10 milhões para aprovar a nova proposta de reforma da previdência.

A ideia, segundo apurou o blogueiro, é que cada “deputado novato tenha direito a indicar R$ 7,5 milhões em obras e repasses federais. Para os reeleitos, a cota seria de R$ 10 milhões”. A Casa Civil já indicou a possibilidade de negociação.

Em meio à crise política, envolvendo demissões de ministros, vazamento de áudios e o uso pelo PSL de candidatos laranjas para obter recursos do fundo partidário, a PEC da Previdência foi recebida com frieza.

Segundo o jornalista, parlamentares da bancada governistas deixaram claro que vão aproveitar o momento para fazer “um acerto de contas com o Planalto”

“As primeiras conversas já tratam da distribuição de cargos. As queixas nesse campo se multiplicam desde a montagem do governo, quando Bolsonaro entregou três ministérios ao DEM e esnobou siglas maiores. Nos últimos dias, aumentou a cobrança pela partilha no segundo e no terceiro escalão”, revelou.

Ele revela ainda que um senador tucano teria dito que Bolsonaro queria tratar o Congresso como um quartel. “Agora será pressionado a dividir poder, fazer concessões e reabrir o balcão de negócios”.

Os deputados não devem se contentar com nomeações. Para apoiar a reforma, a bancada ruralista exigirá a manutenção de subsídios que Guedes pretende extinguir. Já os partidos do centrão querem que o governo crie uma espécie de cota de gasto extra por parlamentar.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, maior partido do centrão, diz que, sem a inclusão dos militares, o texto da PEC não deveria nem tramitar.