Generais alarmados com acenos de Bolsonaro a Trump
Fissuras no governo do direitista Jair Bolsonaro aparecem o tempo todo. Uma delas, que se agrava, são as preocupações da cúpula das Forças Armadas com o capitão-presidente que, durante a viagem de Bolsonaro aos EUA, se manifestaram com força, causando alarme entre muitos generais, diz artigo publicado nesta terça-feira (19) na Folha de S. Paulo sob o título "Forças Armadas entram em alerta pelo tom belicista de Bolsonaro".
Publicado 20/03/2019 14:42
Segundo generais ouvidos pela "Folha", causou preocupação principalmente a conversa que Bolsonaro teve a sós com Trump, acompanhado apenas de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). A preocupação é que, nessa conversa, Bolsonaro possa ter sido mais assertivo com Trump e assumido compromissos não revelados.
Os oficiais das Forças Armadas – principalmente do Exército – são contrários ao envolvimento numa eventual ação militar na Venezuela. O tom belicista de Bolsonaro nos EUA, sobre o apoio a uma eventual ação militar contra a Venezuela, acendeu uma luz amarela entre oficiais generais do Exército. Eles temem que o presidente tenha se comprometido a ajudar os EUA numa ação para derrubar Nicolás Maduro.
Para os generais brasileiros, diz a "Folha", este seria um ponto de ruptura com o governo. Os generais passaram a tarde da terça-feira (19) trocando impressões, em seus grupos no WhatsApp, sobre as falas de Bolsonaro nos EUA sobre a Venezuela, diz a reportagem. Bolsonaro, que não descartou ações militares, disse não poder detalhar as conversas com Trump e deixou essa possibilidade no ar. Também provocou preocupação entre os generais a versão de que o Brasil daria auxílio logístico a alguma ação militar dos EUA. Dois generais ouvidos pela "Folha", disseram que isso é inaceitável para maioria da cúpula das Forças Armadas brasileiras. Um oficial disse que se tal ideia fosse adiante, seria inevitável a reavaliação do apoio que o presidente tem entre as altas esferas Forças Armadas.