Sociedade vai mudar visão sobre “reforma” da Previdência, avalia Molon
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara dos Deputados, diz que a oposição conseguiu fazer um debate qualificado e apresentar propostas que reduziram os impactos sociais mais cruéis do texto da "reforma" da Previdência Social.
Publicado 15/07/2019 17:48

Entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Molon afirmor também que algumas conquistas foram com outros partidos, mas a força da oposição foi importante para denunciar a crueldade daquelas medidas, que são (a mudança no pagamento do) BPC (benefício assistencial pago a idosos carentes e deficientes) e (na aposentadoria) rural, que foram excluídas na comissão especial.
Mas há outras vitórias que são da oposição mesmo, por exemplo, a retirada da capitalização (novo regime previdenciário, no qual cada trabalhador faz a própria poupança). Ela foi denunciada pela oposição, que conseguiu mostrar que seria o fim da Previdência Social.
"No plenário da Câmara, a gente conseguiu uma medida mais importante de todas, que é essa redução (do tempo mínimo de contribuição para que homens se aposentem) de 20 anos para 15 anos. Evidentemente que o placar foi largo. Criou-se, ao longo desses dois anos e meio, três anos de debate sobre o tema, um consenso no país sobre a necessidade de uma reforma. A oposição não questiona esta necessidade, o que nós procuramos discutir foi a qualidade", afirmou.
Segundo ele, a percepção de que a oposição está isolado se baseia na votação, mas quando se olha pela qualidade da participação no debate tem outro resiultado. "Essa mudança no acesso à aposentadoria [de homens]… Ontem (quinta-feira) o Piketty (Thomas Piketty, diretor da l´Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales) publicou um artigo no Valor Econômico sobre a reforma da Previdência brasileira. A primeira coisa que ele cita de mais grave foi esse aumento de 15 para 20 anos (no tempo mínimo de contribuição de homens). Ele é conhecido no mundo inteiro por estudar a desigualdade e disse que isso é o que mais iria agravá-la", destacou.
Ele lembrou que depois de três anos de campanha a favor da reforma, metade da população, segundo o Datafolha, é a favor e metade é contra. As pessoas estão convencidas de que tem que ter uma reforma da Previdência, e não esta. "Quando o povo brasileiro entender o que isso representa na vida das pessoas, essa margem vai mudar completamente", avalia.