Parlamentares rechaçam ataque de Bolsonaro a presidente da OAB

Numa provocação a Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Bolsonaro afirmou que se ele quiser saber como o pai dele desapareceu na ditadura iria contar. Fernando Santa Cruz Oliveira, pai do presidente do órgão, desapareceu após ter sido preso por agentes do regime militar no Rio.

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Bolsonaro reclamou da atuação da OAB do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca do qual foi alvo.

"Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, diz um trecho da matéria do UOL.

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), prestou solidariedade ao dirigente da OAB e fez duras críticas a Bolsonaro.

“Somos governados por um ser desprezível, que do cargo da Presidência insinua os crimes da Ditadura que fizeram vítima o pai de Fernando Santa Cruz. Deplorável! Nossa solidariedade, Fernando! Não permitiremos que a verdade seja esquecida e a justiça não seja feita!”, escreveu no Twitter.

O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), também deu o seu apoio ao dirigente da Ordem e seus familiares. “Toda solidariedade ao Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, ao Marcelo Santa Cruz e a todos os parentes e familiares desaparecidos na ditadura do Brasil. Só quem viveu essa época sabe o quão difícil foi. Bolsonaro segue sendo irresponsável e imprudente com os absurdos que fala”, afirmou.

“Fala cruel, nojenta, asquerosa. Jair Bolsonaro tem demonstrações de agressividade psicopata”, disse o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também entrou em defesa do presidente da OAB. “Quero externar minha solidariedade por esse ataque brutal a Felipe Santa Cruz e e à sua família, especialmente à memória de D. Elzita, sua avó, que morreu em junho, aos 105 anos, sem que o Estado brasileiro lhe tenha dado o direito de saber o que ocorreu com o filho desaparecido”, disse.

Para ele, Bolsonaro é um desequilibrado. “Sua devoção a torturadores, sua defesa de assassinatos, seu desrespeito à vida são conhecidos. Mas, como chefe de Estado, o menoscabo à História e aos dramas das vítimas é um crime que precisa ser punido”, defendeu.