Martha Román: EUA-Cuba, entre hostilidades e tentativas de aproximação

Enquanto a administração Trump acrescentou quatro nomes à listagem de entidades cubanas interditadas para os estadunidenses, legisladores republicanos e democratas procuram eliminar as restrições de viagens à ilha. O Departamento de Estado alongou no fim de semana a relação de empresas cubanas, emitida em novembro de 2017, incluindo mais de 200 entidades e subentidades com as que os cidadãos deste país têm sido interditados de realizarem transações financeiras diretas.

Por Martha Andrés Román

EUA-Cuba

Os hotéis Palácio Cueto, localizados no Centro Histórico de Havana Velha, na capital do país; e Cayo (ilhote) Guillermo Resort Kempinski, em Jardines del Rey, no norte da província de Ciego de Ávila; foram inseridos na relação que já continha muitas instalações desse tipo. Do mesmo modo, o governo norte-americano acrescentou à Casa Editorial Verde Olivo, empresa editora do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias do país caribenho, e a Editorial Capitan San Luis, adscrita ao Ministério do Interior.

Dentro do listado, que Cuba qualifica de arbitrário, incluem-se desde esses ministérios até empresas, sociedades anônimas, a Zona Especial de Desenvolvimento Mariel, e os Terminais de Contêineres do Mariel e Havana. Esse grupo de entidades vetadas para os estadunidenses faz parte das muitas ações que adotou a administração do republicano desde a sua chegada ao poder em janeiro de 2017 para reverter a aproximação iniciada entre ambos os países durante o executivo prévio.

Essas novas adições se produzem depois de que, nos últimos meses, o governo estadunidense permitiu a ativação do polêmico Título III da Lei Helms-Burton, suspendeu as viagens educativas grupais povo a povo, e vetou as saídas para a ilha dos populares cruzeiros. Embora todas essas interdições, muitas pessoas continuam apostando por melhorar as relações com a nação vizinha, como são os representantes de grupos empresariais e a indústria de viagens, líderes religiosos, integrantes de organizações solidárias e, mesmo, membros do Congresso.

De fato, ontem se conheceu da introdução no Capitólio de um projeto de lei destinado a eliminar as restrições de viagens dos estadunidenses a Cuba. O senador democrata Patrick Leahy anunciou em um comunicado que a proposta legislativa foi apresentada na Câmara de Representantes pelo congressista do partido azul Jim McGovern e seu colega republicano Tom Emmer.

De acordo com Leahy, ele e outros 45 co-patrocinadores dos dois partidos introduzirão uma legislação idêntica na segunda-feira no Senado, visando permitir aos estadunidenses visitarem a ilha da mesma maneira que podem viajar a qualquer outro país do mundo. “Sobre a base de minhas conversações com outros senadores, confio em que se tivéssemos a oportunidade de votar sobre este projeto de lei, mais de 60 o apoiariam”, expressou.

Especificamente, a legislação bipartidária deveria pôr fim às restrições de viagens impostas sob leis de 1996 e 2000, que impedem aos cidadãos estadunidenses e residentes legais neste país ir livremente à nação vizinha. A normativa também eliminaria as interdições de transações referentes às viagens, inseridas as bancárias.

Segundo o legislador Vermont, “é indefensável que o governo federal tente impedir aos cidadãos norte-americanos e residentes legais visitar um pequeno país a 90 milhas de distância que não representa uma ameaça para nós”. “Cuba constitui uma opção única para construir um elo econômico que respalde um leque de interesses da indústria, da agricultura e da segurança de Estados Unidos”, manifestou, por sua vez, Emmer.

O congressista também ressaltou a importância do projeto visando “facilitar uma relação entre as duas nações que têm muito para se beneficiarem mutuamente”. Ambas as notícias, a ampliação da polêmica lista e a proposta legislativa, divulgadas no próprio dia, evidenciam a paradoxo da política de Trump para Cuba, ao aumentar a agressividade e as sanções enquanto os povos de um e outro lado almejam uma aproximação.