Walter Sorrentino: A luta dos chilenos é a nossa luta

Expressamos a mais irrestrita solidariedade ao povo chileno em sua justa luta contra as políticas ultra-neoliberais do governo Sebastián Piñera, que vem ampliando a privatização de serviços públicos – como transportes, educação e saúde – e aprofundando a sua precarização, tornando-os cada vez mais onerosos e inacessíveis à maioria do povo chileno. Por Walter Sorrentino*

A gota d’água das grandes manifestações que hoje sacodem o Chile foi o aumento do preço do metrô. Mas enganam-se os que pensam que a revolta popular se restringe a isso. Na verdade, depois de anos de aplicação do danoso e senil projeto neoliberal – que exterminou direitos trabalhistas, arrochou salários, aumentou a exclusão social e transformou 80% dos aposentados em uma massa pauperizada, que recebe menos de um salário mínimo ao mês – o povo chileno está extravasando toda a sua insatisfação contra o modelo econômico excludente que vige no país e saindo com destemor às ruas.

Como é da natureza dos governos neoliberais e de direita promove escalada autoritária para impor sua agenda. O presidente Sebastián Piñera declarou guerra ao seu próprio povo, afirmando que “o país está em guerra contra um inimigo poderoso e implacável”, colocando o exército e os carabineiros nas ruas e decretando o toque de recolher. Mesmo meios de comunicação que cobrem os acontecimentos vêm sendo atacados a balaços pelas forças repressivas. O resultado já são 11 mortos, 250 feridos e 2.100 presos.

Apesar dessa violenta repressão – a maior já enfrentada pelo povo chileno desde a ditadura terrorista e neoliberal de Pinochet – e do recuo de Piñera em relação ao aumento das passagens do metrô, as mobilizações populares continuam e se estendem por todo o país.

É preciso que a solidariedade ao povo chileno se expresse com veemência e das mais distintas formas e que as organizações internacionais sejam pressionadas a exigir do governo neoliberal do Chile que detenha a sua sanha repressiva, respeite os Direitos Humanos e atenda ao clamor do seu povo por justiça e direitos.

Além de prestar o mais amplo apoio ao povo chileno, é preciso atentar que esse é o mesmo caminho que já foi imposto ao povo argentino – causando recentemente à decretação de “estado de fome” na Argentina –, ao povo equatoriano – que também precisou sair às ruas para deter as imposições do FMI – e ao povo brasileiro, através do governo ultra-neoliberal e neo-fascista de Bolsonaro e Guedes.

Manifestamos, pois, solidariedade ao povo chileno em sua luta e o veemente repúdio à repressão criminosa contra o povo chileno.

* Vice Presidente Nacional e Secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB