De Olho no Mundo, por Ana Prestes
“A especialista em relações internacionais, Ana Prestes, destaca nesta quarta-feira (11) como está sendo a prévia eleitoral dos democratas nos EUA, ontem foi dia de debate, aponta também que já são 110 países em todo o mundo com casos de coronavírus. Entre outros assuntos. “
Publicado 11/03/2020 12:20 | Editado 11/03/2020 13:07
No processo das prévias democratas, ontem foi o dia de consultar os estados de Michigan, Missouri, Mississipi, Idaho, Washington e Dakota do Norte. Até o momento, Biden venceu nos quatro primeiros. Falta fechar a contagem nos demais. Com o favoritismo já dado como certo, Biden começa a fazer um discurso para atrair Sanders e seus apoiadores para derrotar Trump. Acena para a união. Mas, apesar do discurso de vencedor de Biden, os fatos não estão plenamente consumados. Hoje Biden tem 823 delegados e Sanders 663. São necessários 1991 delegados para conquistar a nomeação.
Já são 110 países em todo o mundo com casos de coronavírus. Uma reportagem do G1 informa que desses, 56 países tiveram seu primeiro caso registrado nos últimos 10 dias. Os Jogos Olímpicos do Japão, cujo adiamento já é dado como quase certo, pode ocorrer somente daqui um ou dois anos, segundo Haruyuki Takahashi, um dos conselheiros do comitê organizador em reportagem do The Wall Street Journal. No Brasil hoje há 35 casos confirmados e 893 suspeitos. No Reino Unido, a ministra da saúde, Nadine Dorries, testou positivo para o Covid 19 e deixou em alerta o parlamento e o famoso número 10 da Downing Street, onde vive e despacha o Primeiro Ministro Boris Johnson, após rastrearem por onde a ministra passou nas últimas semanas. Em uma mensagem que postou na sua conta do twitter, Nadine disse que passa bem, mas que está muito preocupada com sua mãe de 84 anos que está com ela e começou a sentir os sintomas. Na Itália o número de infecções já chegou na casa dos 10 mil. Em Roma, a polícia tem feito ronda para garantir o fechamento de restaurantes e cafés às 18h, um comerciante entrevistado pela globalnews.ca disse que as pessoas “estão aterrorizadas” e que “nunca tinha visto algo assim”. A economia italiana é a terceira entre os 19 países que usam o euro e depende muito da indústria e do turismo, que requer presença humana para se desenvolver. Praticamente todas as companhias aéreas não estão mais voando para a Itália e até a Praça de São Pedro no Vaticano ganhou barricadas. Já na China, a situação se inverteu e agora a preocupação é de quem vem infectado de fora. Um dos medicamentos usados por chineses no combate ao vírus é cubano, o Interferón Cubano Alpha (IFNrec) e agora, a Associação Nacional de Amizade Itália-Cuba pediu ao ministro de saúde da Itália, Roberto Speranza, que busque um convênio com Cuba para a produção do medicamento. O Japão é outro país que já buscou Cuba para “saber do medicamento”.
Trump e Bolsonaro lideram a lista das autoridades públicas que desdenham do Coronavírus enquanto a população tenta tomar medidas básicas de precaução. Ainda em solo americano, Bolsonaro disse à imprensa de Miami que a crise do coronavirus não é isso tudo e que é muito mais uma fantasia propagada pela mídia. Já Trump disse que em abril a crise acaba porque o “calor costuma matar esse tipo de vírus” e se negou a fazer o teste do vírus após estar em uma reunião com republicanos que tinha uma pessoa infectada. Dois deputados republicanos estão voluntariamente em quarentena após participarem dessa reunião.
O novo ministro de relações exteriores do Uruguai, Ernesto Talvi, anunciou ontem (10) a saída do país da Unasul e seu regresso ao TIAR (tratado interamericano de assistência reciproca) como sinal de alinhamento com países como Brasil, Chile e Colômbia, aliados dos EUA na região. O TIAR, em especial, está sendo usado pelos EUA para desestabilizar a Venezuela e viabilizar uma intervenção militar no país. Sua primeira missão no exterior será para a assembleia geral da OEA em Washington no dia 20 de março quando será eleito o novo ou nova secretária geral. Atualmente a OEA é dirigida por um uruguaio, Luis Almagro, e sua gestão é permeada por muitas críticas, especialmente por seu apoio a processos golpistas, como o mais recente na Bolívia, em que a OEA foi instrumento de desestabilização da democracia no país.