Bolsonaro, o vírus letal

Dentre as duas gravíssimas crises que o mundo passa – epidêmica e econômica – das quais o Brasil igualmente enfrenta, nosso presidente, de forma calculada, arruma outra de grandes proporções e de grande letalidade.

Irresponsável, sim; genocida, igualmente; inapto ao cargo de presidente, indiscutível; ignorante; inconstante; fundamentalista irrefutável; mas burro, não.

Evidentemente que para os que têm o mínimo de discernimento estão chocados e perplexos com o último pronunciamento – desumano e adjeto – do presidente.

Mas não podemos olvidar de quem é Jair Bolsonaro, de onde esta criatura surgiu, o que representa e quem lhe dá a base de sustentação.

Surgiu do baixo clero fisiológico, inculto e parlapatão da nossa política, contaminado e doutrinado pelo discurso dos mais atrozes preconceitos, e de um fundamentalismo antiesquerda.

Bolsonaro se faz representante do Brasil profundo na questão dos costumes e do conservadorismo, embora muito mais em discurso do que em prática. É a síntese do hipócrita e veste de forma, contundente, esse figurino matuto de homem recatado e simples.

Conseguiu aglutinar em torno de si o discurso antissísmico e antiestado; segue, rigorosamente, a cartilha do novo e populismo da direita ocidental, onde tem o apoio importante de líderes populistas iguais a ele.

Faz da polarização e dos fantasmas do discurso anticomunista, antissistema, e de salvador da família e dos costumes seu maior trunfo, e assim tem o grande apoio dos setores mais conservadores do Brasil: seja religioso ou seja do empresariado.

Alçado a presidência da República devido a desilusão que parte da esquerda produziu, Bolsonaro ganhou sem a tradicional política pátria, mas constituiu sua base no tripé: bancadas da bala, dos ruralistas e dos evangélicos. Esta é a base de Bolsonaro que sofre fissuras, mas que arrasta parcelas importantes de nossa sociedade, e que vê na imagem construída por sua competente performance, um homem simples, trabalhador, mas perseguido pelo sistema e pelos poderosos.

Soma-se ainda, além de todos estes atributos, a sua formação militar, especialmente, na parcela mais entreguista e golpista – a geração de 1964 – que o doutrinou e embutiu seu pouco apego à democracia e às liberdades.
Neste cenário, e com o apego ao cargo, Bolsonaro joga para seu público e para sua manutenção no poder: aposta no caos, não abandona seu discurso de perseguido e sabotado, de antiesquerdista, de antissistema, de defensor da tradicional família brasileira.

Em meio à crise sanitária e econômica que atravessamos, Bolsonaro vê seu poder diminuir e sabe que sua inaptidão de gerir o Brasil se descortina a cada dia, e neste panorama cria as condições básicas para gerar uma nova crise, ou seja, a crise política.

Condições essas essenciais para um golpe à democracia e para a sua permanência na presidência. E o pior é que tem apoios importantes para isso.

Inculto, ignorante, genocida ou irresponsável, adjetive como quiser, mas nenhum ditador do mundo foi culto, esclarecido, humanista ou responsável. A História nos mostra que Bolsonaro reúne todos os atributos de um tirano.

É preciso reagir e urgente pararmos os caminhos do golpe que Bolsonaro prepara em meio à crise.

Bolsonaro pode ser mais letal do que a Covid-19 ou mais devastador do que a crise econômica.

A vacina contra Bolsonaro é a luta e a unidade.

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