Quando a xenofobia e o racismo são mais aterrorizantes que a Covid-19

Amizade entre a China e a África remonta a 1970. A China sempre atribuiu grande importância à cooperação para o desenvolvimento econômico, político e cultural com os países africanos.

Recentemente, alguns órgãos de comunicação e redes sociais divulgaram vídeos de africanos supostamente sendo expulsos da China. Nos vídeos, os imigrantes africanos apareciam reunidos nas ruas de Sanyuanli, na cidade de Guangzhou, onde alegavam terem sido expulsos pelas autoridades locais.

Em pouco tempo, os vídeos chegaram a receber destaque nos órgãos de comunicação social públicos e privados da África, tornando-se instrumentos de calúnia e difamação contra a China, o que contribuiu para que os casos de xenofobia contra os chineses aumentassem.

Como é do conhecimento público, a China conseguiu conter a disseminação doméstica do coronavírus mediante um sistema de bloqueio de dois meses. Findo esse período, com as pessoas voltando à sua rotina de trabalho normal, as autoridades acharam por bem rastrear os cidadãos nacionais e estrangeiros por meio de um sistema eletrônico – que é o chamado “cartão verde” –, que está vinculado a aplicativos móveis como o Wechat e Alipay.

Importante: todo e qualquer estrangeiro pode ter seu cartão verde, mas para isso tem que se cadastrar nos aplicativos Wechat ou Alipay. Os aplicativos não discriminam pessoas, raça ou nacionalidade. O referido cartão funciona como um passaporte eletrônico e um instrumento de controle sanitário, cujo uso é obrigatório, sobretudo em locais públicos, de formas a evitar eventuais contágios e registos de novos casos de Covid-19.

Os vídeos divulgados são provenientes da cidade de Guangzhou, que é tida como um grande centro comercial e principal cidade de exportação de produtos da China. E como qualquer outro centro comercial, Guangzho atrai muitos cidadãos ilegais de várias nacionalidades.

Porém, a pandemia da Covid-19 obrigou as autoridades chinesas a tomarem medidas sérias contra cidadãos ilegais que não têm permissão legal para permanecer no país. E, diante de uma possível deportação, esses imigrantes encontraram diferentes maneiras de lutar pela sua permanência no país. Alguns estão usando as redes sociais para buscar simpatia e forçar a China a deixá-los em paz.

Esses ilegais, inclusive, usam o nome de outros africanos de bem para sujarem o nome da China pelo mundo, acusando que estão sendo expulsos ilegalmente. Outros recorrem a práticas erradas para, de forma radical, ganharem alguma notoriedade e chamarem a atenção do mundo, tendo como recurso o Facebook, o WhatsApp e outras plataformas digitais.

Por exemplo, no dia 1º de abril, a polícia de Guangzhou registrou o caso de um homem africano com Covid-19 que, ao se recusar a fazer o teste do vírus, espancou e mordeu uma enfermeira. O homem foi identificado como Okonkwonwoye Chika Patrick, de nacionalidade nigeriana. Diante da situação, a polícia emitiu uma decisão de exigir que, depois de estar curado, o homem deverá ser obrigado a deixar a China e não voltar a entrar dentro de um período de tempo de cinco anos.

O comportamento desses africanos ilegais tem como objetivo único acusar a China de xenofobia e racismo. A maior parte deles não respeita as leis, não possui nenhum tipo de documentação, não estuda, não tem nenhum emprego formal e trabalha como guias turísticos, extorquindo dinheiro ilicitamente de comerciantes e outros viajantes.

E devido à sua situação irregular, esses africanos não estão cadastrados no cartão verde. E são eles que espalham os boatos por temerem ser deportados nos próximos dias pelas autoridades chinesas.

Mas, comparado a esses, existe um outro grupo de africanos decentes que trabalham, estudam e contribuem na legalidade para o engrandecimento da China. Esses, sim, tiveram direito ao cartão verde e nunca viram as portas fechadas para entrar e trabalhar na China.

Porém, nos últimos dois dias, muitos bons amigos de países africanos de língua portuguesa, preocupados com as relações da China e China-África, enviaram-me mensagens procurando saber o que estava acontecendo, de fato, com os africanos. E a grande verdade é esta. Não há uma outra a esconder.

Também sobre o assunto, recentemente, no dia 12 de abril, o governo de Guangzhou realizou uma conferência de imprensa para responder as perguntas envolvendo essas questões. Importa referir que, depois do tenso período da Covid-19, a economia de Guangzhou está se desenvolvendo rapidamente, com um grande número de empresas de comércio que, todos os dias, contribuem para que a China continue a ser um país próspero.

De acordo com as últimas estatísticas oficiais, existem aproximadamente 30.768 estrangeiros que trabalham e vivem legalmente em Guangzhou há muitos anos. Desses, aproximadamente 4.553 cidadãos são de origem africana – e uma parte desse grupo é constituída por empresários. Todos eles, legais, nunca sofrerem nenhum ato de discriminação ou racismo. São tratados com igual respeito e educação.

A amizade entre a China e a África remonta a 1970. A China sempre atribuiu grande importância à cooperação para o desenvolvimento econômico, político e cultural com os países africanos. Não há política ou razão para expulsar os africanos que vivem e trabalham na China. No entanto, é necessário lembrar que os cidadãos de qualquer país, que trabalham e vivem em outro país devem cumprir as leis e regulamentos locais.

Depois que a epidemia da Covid-19 entrou em África, os sistemas de saúde de alguns países africanos foram bastante afetados. As associações, empresas e indivíduos chineses que trabalham e vivem no continente doaram dinheiro e materiais e trabalharam ativamente com o povo africano para lutar pela eliminação do vírus. E é importante que a mídia social divulgue essas informações, em vez de espalhar calúnias e difamação.

O vírus da Covid-19 não é tão terrível assim. É um problema que o mundo vai conseguir eliminar através da aposta num sistema de saúde moderno e eficaz. O grave e terrível são o racismo e a xenofobia entre países e pessoas.

Portanto, em uma sociedade civilizada moderna, diante de uma Covid-19, devemos abandonar os estereótipos e trabalhar juntos para combater o vírus.

A Internet tornou o mundo extremamente pequeno e quase não há segredos. As notícias que aconteceram há um minuto podem se espalhar para o mundo todo em poucos minutos. E o vídeo referido – dos africanos supostamente expulsos da China – constitui um atentado às boas relações diplomáticas e econômicas entre os nossos países.

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