Deputados pedem que STF divulgue vídeo que pode incriminar Bolsonaro
Conteúdo do vídeo pode ser devastador para o presidente da República, que teria acusado a PF do Rio de Janeiro de perseguir sua família na ocasião
Publicado 12/05/2020 18:21

Deputados do PCdoB cobraram em suas redes sociais que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Melo, libere aos brasileiros o vídeo exibido na manhã desta terça-feira (12) na sede da perícia do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília.
Embora ainda não tenha sido oficialmente divulgado, já é grande a expectativa sobre trechos que, segundo fontes, comprovariam a tentativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferir no comando da PF.
“A PF para proteger a família, né Bolsonaro? Mas a PF é para proteger DE criminosos e não proteger os criminosos. Solta o vídeo, ministro!”, pediu o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
“O ‘vídeo devastador’ precisa ser visto por todos os brasileiros! Interferir na PF para proteger a família é crime!”, reiterou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).
Segundo informações que circulam na imprensa, na gravação, Bolsonaro aparece afirmando que precisava “saber das coisas” que estavam ocorrendo na Polícia Federal do Rio de Janeiro e cita que investigações em andamento não poderiam “prejudicar a minha família” nem “meus amigos”.
A íntegra deve comprovar as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, de que o presidente estaria tentando interferir no comando da corporação, conforme afirmou no dia de sua renúncia.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ao que tudo indica, o vídeo será “devastador” para Bolsonaro, pois ele “deixou de ser presidente e virou chefe mafioso”.
“Interferiu na PF para proteger filhos e amigos criminosos. Bolsonaro é ele mesmo criminoso. Como autêntico chefe de quadrilha, Bolsonaro queria destruir provas de suas práticas criminosas. Isso demonstra que ele continuará usando o cargo para obstruir a justiça e impedir investigações. É crime! O Brasil precisa saber”, disse o parlamentar.
A deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) lembrou que “os que estiveram presentes na exibição [do vídeo] disseram não haver qualquer dúvida da prática de crimes e de que a situação ‘ficou muito ruim para o presidente’”.
O vídeo ainda promete confirmar que Bolsonaro disse que gostaria de substituir o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro e que demitiria até mesmo o então ministro da Justiça Sergio Moro caso não pudesse fazer isso.
Caso devastador
Na avaliação de investigadores, o presidente confirmou expressamente que trocaria postos-chave da Polícia Federal em troca de indicar uma pessoa de sua confiança que garantisse acesso a informações sobre investigações contra familiares e pessoas próximas.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou ainda que os ministros militares Augusto Heleno, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos estão depondo nesta terça-feira no “caso devastador” das denúncias de Moro.
Para ela, muitas bombas ainda virão e citou o jornalista Ricardo Noblat, que publicou que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu a prisão de prefeitos e governadores na reunião do dia 22 de abril.
“As entranhas autoritárias e perigosíssimas desse governo expostas. Por quanto tempo vocês acham que o país ficará sem ver a íntegra do vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro?”, questionou a parlamentar.
“Vídeo de Bolsonaro intervindo na PF Rio p/ proteger filhos e amigos é só a prova do que ele já fez antes. Em 2019, obteve cópia do inquérito dos laranjas do PSL. Do próprio Moro! Moro e Bolsonaro são criminosos, dois destruidores da democracia brasileira”, disse a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR)
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que as notícias mostram que Bolsonaro interveio na PF em favor dos filhos e que ministros de Estado querem a prisão de ministros do STF, governadores e prefeitos.
“Isso tudo frente às câmeras. O que fazem longe delas? O povo tem quer saber!#DivulgaTudoCelsodeMello #LiberaOVideoCelsodeMello”, escreveu o senador no Twitter.
“É papel do Poder Legislativo fiscalizar atos do Executivo. Por isso acionei o STF para que o Congresso receba imediatamente cópia da gravação da reunião ministerial em que Bolsonaro admite interferência na PF para proteger seus familiares e amigos”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
PCdoB na Câmara
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