Wadson Ribeiro pede respeito entre candidaturas da esquerda em BH

Em entrevista ao jornal mineiro O Tempo, o presidente estadual do PCdoB, Wadson Ribeiro, pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Belo Horizonte, disse que “o grande desafio é uma campanha no primeiro turno em que cada partido possa apresentar as suas propostas para Belo Horizonte, sua concepção de governo”.

De jornal O Tempo
Por Lucas Henrique Gomes

O presidente estadual do PCdoB, Wadson Ribeiro, vai concorrer à sua quinta eleição pelo partido. Em 2020, no entanto, será a primeira vez que ele vai pleitear um cargo municipal e ao Executivo disputando a prefeitura de Belo Horizonte.

Nas últimas três eleições federais, Ribeiro concorreu para deputado federal, enquanto, em 2006, tentou uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG). Em 2018, Ribeiro teve 43,5 mil votos para deputado federal, com 5.231 deles conquistados na capital. 

Em um cenário diferente, repleto de pré-candidatos e já com dois nomes da esquerda na disputa (Áurea Carolina, pelo PSOL, e Nilmário Miranda, pelo PT), ele diz não ver nenhuma candidatura que desponte como natural nas diversas ideologias. 

“As candidaturas colocadas no campo da esquerda são legítimas. São partidos que têm história e importância política para o país, são três pré-candidatos com bastante respeitabilidade. Penso que o grande desafio é uma campanha no primeiro turno em que cada partido possa apresentar as suas propostas para Belo Horizonte, sua concepção de governo. O PCdoB quer discutir muito o modo como ele governa, como por exemplo hoje é no Estado do Maranhão. Acho que será uma campanha no primeiro turno feita por esses três partidos compreendendo que, em que pese possíveis e pequenas divergências políticas aqui e acolá, são candidaturas que são do maior alto respeito e tenho certeza de que uma delas, que estiver no segundo turno, terá o apoio das demais no ambiente de respeito e legitimidade”, afirmou o pré-candidato. 

O fim das coligações em eleições proporcionais, como para as Câmaras Municipais, segundo Ribeiro, acaba criando a necessidade de as legendas lançarem candidatos próprios em pleitos majoritários para que se apresentem à sociedade. 

Oposição a Zema e a Bolsonaro

Sobre a divisão da esquerda, Wadson Ribeiro ressaltou não ter um nome que desponte no campo progressista. Caso isso acontecesse, na visão dele, não haveria dificuldades para se unir em torno desse nome.

Ele lembrou as últimas alianças feitas entre a legenda e o PT para o governo mineiro, ao Planalto e também à Prefeitura de BH.

“Ocorre que nestas eleições não está dada essa aliança, e cada partido vai procurar apresentar o seu programa à cidade, trabalhar sua concepção”, declarou.

Ele pretende abordar dois vieses durante a campanha. O primeiro, de oposição aos governos de Jair Bolsonaro e Romeu Zema e ao que chamou de “ameaças ao Estado democrático de direito”. Também quer discutir temas da cidade, como “abrir a caixa-preta da BHTrans”, promessa que, na visão do pré-candidato, não foi cumprida pelo atual prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Uma das bandeiras de Ribeiro é a política de renda mínima a parcela da sociedade e aos jovens até 18 anos para reerguer a economia no pós-pandemia.

“Cada real desse, o cidadão não vai gastar isso na Disney ou na França, esse dinheiro é gasto no comércio de BH, então precisamos dotar as pessoas, gerar política de primeiro emprego. Trabalho e renda são nossas obsessões, queremos apresentar isso à cidade”, explicou.

“BH está mais emburrada e triste”

Tônica da maioria dos pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, as críticas ao prefeito Alexandre Kalil também são recorrentes na avaliação de Ribeiro.

O pré-candidato do PCdoB considera a atual gestão como abaixo da média, além de não ter realizado obras de infraestrutura capazes de conter, por exemplo, encostas e barragens que causam tragédias em períodos de chuva. 

“Belo Horizonte é uma cidade que eu acho que, sob a administração do Kalil, está mais triste, mais emburrada. A gente precisa resgatar essa autoestima e alegria de uma cidade que é alegre pelas suas ruas, pelos seus bares, pela sua gente. Então, a gente quer mostrar que outra BH é possível de ser construída com participação popular”, concluiu Ribeiro.

As críticas a Kalil devem marcar a disputa eleitoral na capital, já que a meta dos pré-candidatos é a busca de um segundo turno no pleito de 2020.